Thursday, September 24, 2009

Franceses em Braga há 200 anos (20)



Wellesley teve no Marechal William Beresford um dos seus mais eloquentes colaboradores para afastar as tropas de Soult do Minho, apesar da derrota em Braga, na Serra do Carvalho.

Sobre este irlandês, William Beresford, o primeiro dos segundos de Wellesley, há quem escreva apenas loas e quem veja apenas a nódoa do assassinato do General Gomes Freire de Andrade.

William Carr Beresford, marquês de Campo Maior, nasceu na Irlanda em 1768, tendo servido como militar na Nova Escócia e participado em várias campanhas em França, especialmente no célebre cerco da cidade de Toulon, em 1793, que o então jovem capitão Napoleão conseguiu romper com audácia e tiros de canhão.

Mais tarde Beresford esteve também no Egipto e na Índia, tendo comandado as tropas que conquistaram a cidade de Buenos Aires mas perdeu de seguida e foi feito prisioneiro.
Em 1807, era já governador da Madeira, no âmbito da cooperação anglo-portuguesa, para impedir que os franceses se instalassem naquele arquipélago. Em Agosto do ano seguinte vem para Lisboa sendo nomeado comandante da Capital após a batalha do Vimeiro.

No ano seguinte é lhe encomendada a difícil missão de defender a rectaguarda contra as tropas de Soult, que já tinham chegado ao Porto, depois de passarem por Chaves, Montalegre, Póvoa de Lanhoso e Braga.

A forma eficiente como desempenhou essa missão, em estreita colaboração com as tropas portuguesas, como braço direito de Arthur Wellesley. Além de afastar as tropas francesas, mesmo com encarniçadas batalhas — como aconteceu em Amarante — e golpes de genialidade, como a travessia do rio Douro, Beresford é hoje unanimemente considerado o verdadeiro reorganizador do exército português, dando-lhe a eficiência notável que se evidenciou sobretudo na batalha do Buçaco, a 27 de Setembro de 1810.

No âmbito da campanha de expulsou das tropas francesas da Península Ibé-rica, encetada por Wellesley, o marechal Beresford é ferido na batalha de Salamanca e vê-se obrigado a regressar a Inglaterra, diluindo-se a sua importância no seio do exército português onde a sua promoção a Marechal-General tinha causado algumas invejas e atritos com oficiais mais antigos.

Beresford — ao contrário do inacessível Wellesley — desempenhou nas frentes de batalha um importantíssimo papel militar dado o acompanhamento próximo das forças portuguesas, nas suas relações com as inglesas.

O dramatismo da fuga de Soult por terras do Minho, sobretudo na ponte de Misarela, em direcção à Galiza, não foi ainda maior devido a uma pequena indecisão de Beresford em Rui-vães.

Esta indecisão acabou por dar um dia de vantagem às tropas francesas em fuga que foi vital para a salvação de milhares de soldados, apesar de terem perdido centenas de cavalos e pe-ças de artilharia, deixando para trás os despojos do saque feito em terras minhotas. O nome de Beresford fica também ligado à reconquista de Campo Maior, durante a terceira invasão, embora a mais célebre das suas vitórias tinha acontecido em Albuera.

Após a guerra Peninsular, Beresford assumiu as funções de generalíssimo do exército português mas a morte — por assassínio — do general português Gomes Freire de Andrade — marca a sua carreira. Ainda hoje se percebe mal qual foi a participação neste processo em que se viu envolvido.

Para o futuro ficava um conjunto de princípios que marcam a reorganização do exército português.

Ele foi o pioneiro de um conjunto de procedimentos que contribuíram para fazer das tropas portuguesas um dos corpos militares mais apreciados no mundo, à semelhança da eficácia britânica.

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