Wednesday, July 15, 2009

Franceses em Braga há 200 anos (16)


Todas as guerras têm os seus heróis e vítimas. Depois de darmos a conhecer o grande General Silveira, cuja estratégia contribuiu para a derrota e fuga de um dos maiores exércitos europeus, é justo lembrarmos hoje outro militar português que morreu às mãos dos bracarenses.

O General Freire de Andrada regressou ao cargo de governador militar do Porto, em 1809 e recebe a missão de defesa do Minho, já na 2ª invasão francesa, tendo a regência indicado quais os lugares que deveria defender. Tal não foi possível devido à rapidez do avanço inimigo e à continua escassez de homens treinados e de armas, mesmo assim consegue impedir a passagem de Soult por Caminha, não impedindo todavia a invasão de Trás os Montes.

Tentou ainda, em diversos reconhecimentos entre Braga e Ruivães, escolher um local adequado onde pudesse montar uma linha de defesa, depara-se com imensas dificuldades, que começavam na indisciplina que ainda reinava no seu exército e decide então a retirada para o Porto. Os seus homens extremamente permeaveis às influências dos habitantes da zona, são levados a crer que ele estava a abrir o caminho para os franceses e prendem-no.

Ainda conseguiu salvar-se de uma primeira situação complicada, pela mão de António Bernardo da Silva, comandante de ordenanças, que travou os ímpetos dos que acusavam Bernardim de colaboracionista e de ter entregue o país aos franceses, mas mais à frente nada pôde fazer quando milícias, misturadas com camponeses o quiseram linchar pelos mesmos motivos.

Por mais uma vez valeu-lhe o Barão de Eben, que comandava um regimento sedeado no Porto, e que o queria levar para o seu quartel, o pior é que a pequena escolta que deixou foi insuficiente para conter a população e no dia 18 de Março é assassinado juntamente com o seu quartel mestre general Custódio José Gomes Vilas Boas, em Tebosa, perto de Braga.

PERFIL

Alistou-se no exército e entrou como cadete no Regimento de Infantaria de Peniche, que fazia parte da guarnição de Lisboa, depois de ter frequentado o Colégio dos Nobres.

Em 1782 foi promovido a Alferes na 5.ª companhia do Regimento, companhia onde se manteve até ser promovido a Major. Em 1793 foi com o seu regimento para a Catalunha, integrado na Divisão Auxiliar que ajudou o exército espanhol na guerra contra a República francesa.

Em 1794, durante a campanha, foi promovido a Coronel do seu regimento, tendo sido ferido no ataque à posição de Madalena. Com o fim da campanha, devido à paz de Basileia, entre a Espanha e a França revolucionária, e subsquente regresso a casa foi promovido ao posto de brigadeiro.

Em 1800 foi nomeado governador e capitão-general da capitania de São Paulo, no Brasil. Não embarcou devido aos preparativos de guerra contra a Espanha, o que veio a acontecer em Maio de 1801. Foi nomeado comandante da brigada de granadeiros e caçadores do exército do Alentejo, tendo participado no combate de Arronches, conseguindo salvar as tropas do comando de Carcome Lobo de serem totalmente destruídas.

A seguir à guerra, participou em diversas comissões, no âmbito das reformas do exército postas em prática a partir de 1803. Em 1807 foi promovido a marechal de campo, e nomeado Governador das Armas da região militar, com sede no Porto, conhecida por "Partido do Porto". Cargo que não tomou posse imediatamente devido à ocupação do país pelo exército francês do comando de Junot.

A revolta do Verão de 1808 contra o exército francês, despoletada em Madrid, no célebre dia 2 de Maio de 1808, e que de Espanha se propagou a Portugal, encontrou-o em Coimbra, para onde se tinha retirado em finais de 1807, juntando-se aí ao seu primo direito, D. Miguel Pereira Forjaz, futuro secretário da Regência.

Dirigiu-se para o Porto para ocupar o posto para que tinha sido nomeado em 1807, e organizou com D. Miguel, e com as poucas forças e armas que existiam, um pequeno exército, que com o nome de «exército de operações da Estremadura» se dirigiu para Coimbra, onde chegou a 5 de Agosto, tendo apoiado sempre o flanco esquerdo do exército britânico, do comando do general Wellesley, o futuro duque de Wellington.

DECISÕES DIFÍCEIS

As decisões militares e políticas de Bernardim Freire de Andrade, sobretudo a de não juntar a sua força à do exército britânico, são a posteriori controversas, mas ainda hoje difíceis de analisar.

A verdade, é que a sua acção em conjunção com a força comandada pelo general Bacelar, teve como consequência o impossibilitar a junção do corpo de tropas do general Loison ao do general Delaborde, o que permitiu aos britânicos só encontrarem as tropas do último na Roliça, e terem tempo, de receber os reforços que irão ser tão necessários para a derrota do exército francês de Junot, no Vimeiro, em 21 de Agosto.

Após a assinatura da Convenção de evacuação do exército francês de Portugal, a que se opôs, regressou ao Porto onde tomou o comando das forças militares do Porto e do Minho, que se preparavam para a defesa de Portugal, e a dar apoio às forças espanholas na expulsão dos franceses de toda a Península.

A verdade é as «Invasões Francesas» fazem parte do imaginário da historia política e militar portuguesa. Quando abordamos o assunto, surge-nos na memória os nomes dos comandantes invasores, Junot, Soult e Massena, dos generais britânicos Wellesley e Beresford e dos portugueses Francisco da Silveira, Bernardim Freire de Andrade e Manuel Sepúlveda.

Depois, as batalhas vitoriosas do exército na Roliça, Vimeiro e Buçaco, sem esquecer, a defesa das Linhas de Torres Vedras.

Monday, July 13, 2009

As campanhas da obscenidade


Depois de ler um jornal de Braga, de hoje, não podemos estar mais de acordo com o presidente do CDS, Paulo Portas, ao prometer ontem que o seu partido fará uma campanha eleitoral em que vai reduzir os gastos ao essencial.

Esperamos agora que o cumpra, e não temos de esperar muito para ver se não passa de mais uma promessa de político, ou seja, para não levar a sério e por isso contribuir para o descrédito ainda maior da classe a que ele pertence.

De facto, o país não está para desperdícios, nem quer publicidade, como toda a gente reconhece através dos orçamentos familiares da esmagadora maioria dos portugueses.

Os portugueses estão fartos de retratos retocados de pessoas que tem vergonha de aparecer tais quais são. Uns parecem mais novos, outros querem parecer mais velhos, quando deviam inquietar-se com uma presença intensa junto dos eleitores.

O mesmo princípio se deve aplicar, por força de maior, atendendo ao que se vive no Minho, às campanhas eleitorais paras as autarquias.

No entanto, os primeiros sinais que temos em Braga e arredores, como Vila Verde, constituem já uma afronta aos eleitores destes concelhos.

Não há rotunda de Braga onde não esteja plantado um caríssimo painel e, em Vila Verde, o edifício que é de todos transformou-se em cenário do lançamento esplendoroso de uma candidatura que devia ser rasgada do mapa eleitoral, só por este gesto que traduz de confusão entre o que é municipal (de todos) e o partido (de uns tantos).

Todos estão a tempo de travar estes excessos, se é que estão minimamente interessados na credibilização da acção política.

Menos cartazes e mais contacto com as populações, olhos nos olhos, menos girândolas de promessas e mais capacidade de ouvir devem ser a matriz dos candidatos autárquicos do futuro.

Só assim colocam as pessoas em primeiro lugar, levantando, de uma vez por todas, esse arraial obsceno da ostentação, do obreirismo opaco e das promessas que passam a ser pesadelos, desilusão e favorecimento de quem já ganhou muito.

É tempo de trabalhar mais, contactar mais, ouvir mais e gastar mais tempo e dedicação pessoal aos projectos em que dizemos acreditar.

O cartaz, além de impessoal e frio, esconde outras incapacidades de ideias e projectos concretos para as pessoas que não circulam nas rotundas ou praças municipais.

Friday, July 10, 2009

Só uma no Minho todo!

A Constituição da República Portuguesa consagra no seu art. 68.º que os pais e as mães têm direito à protecção da sociedade e do Estado na realização da sua insubstituível acção em relação aos filhos, nomeadamente quanto à sua educação, com garantia de realização profissional e de participação na vida cívica do país.

Ao estabelecer que a paternidade e a maternidade são “valores sociais eminentes”, o Estado Português concede aos pais e às mães, um direito à protecção da sociedade e do Estado na realização da sua acção em relação aos filhos, nomeadamente quanto à educação destes, garantindo-lhes a realização profissional e a participação na vida cívica do país.

O Estado Português reconhece, na Lei fundamental, que os pais e mães desempenham, no momento da geração e da educação dos filhos, uma tarefa do mais profundo interesse social pelo que são credores do Estado de uma particular protecção.

Da teoria à realidade, a distância é ainda muito grande, a tal ponto que a sociedade civil se teve de organizar para dinamizar cuidados que apoiem a família, uma vez que a Constituição Portuguesa está longe de ser concretizada no terreno.

Uma das instituições é o Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis, fundado há alguns anos para estimular as autarquias a darem pleno cumprimento à nossa Lei fundamental.
Mas os esforços — se não têm sido quase em vão — estão longe de sensibilizar todos os autarcas deste país.

É por isso que a Câmara Municipal de Famalicão é a única entre os 24 municípios do Minho premiada ontem pelo Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis.

Os critérios da eleição podem ser discutíveis, mas estas autarquias destacam-se por darem dois passos à frente das outras, não só por conseguirem mostrar o que fazem como a forma como avaliam as suas medidas de apoio à maternidade e paternidade, apoio às famílias com necessidades especiais, serviços básicos, educação e formação, habitação e urbanismo, transportes, cultura, desporto, lazer e tempo livre, cooperação, relações institucionais e participação social.

O organismo conta actualmente com a adesão de 78 autarquias disponíveis para desenvolverem um plano integrado de políticas de família.

Tendo em conta que em Portugal existem mais de 300 municípios, ainda temos muito tempo a percorrer para ter mais municípios familiarmente responsáveis, especialmente no Minho.

É meio caminho andado para sermos úteis a alguém

Estava no chão, rejeitado por quem não se deu à maçada de ler o folheto, apesar de graficamente apelativo, para dar uma espreitada e conhecer o conteúdo, mas não falava do Cristiano Ronaldo ou do Michael Jackson ou de alguma diva das telenovelas.

Tantas vezes escrevemos ou dizemos mal dos CTT — Correios de Portugal, que quando recebemos um panfleto destes não perdemos tempo a ler e deitamos fora para fazer mais lixo mesmo que seja um panfleto a convidar-nos para uma darmos um pequenino contributo para uma sociedade mais limpa de miséria e pobreza.

Ora, e precisamente este o caso. Os Correios de Portugal, através das suas lojas em Braga — Maximinos, Avenida, S. Victor e Santa Tecla — estão a colaborar com a Fundação Bomfim, numa iniciativa da Igreja Evangélica Baptista em Braga de luta contra a pobreza e a exclusão social.

Trata-se de uma instituição com provas dadas à sociedade bracarense, merecedoras de atenção, quanto mais não seja para que sintamos alguma utilidade da nossa vida e dos nossos bens em favor de quem promove o desenvolvimento pessoal, social, espiritual e artístico de pessoas de todas as idades.

Com valências de apoio a 200 crianças, a mais de cem idosos carenciados, a Fundação Bomfim desenvolve o ensino de música e o projecto Cesta (de cooperação com Angola), e conta com este abraço dos Correios que disponibilizam as suas instalações em Braga para promover a recolha gratuita e fácil de donativos até ao dia 19 de Julho. A Campanha começa no dia 6 de Julho e entre os bens de primeira necessidade, a Fundação Bomfim dá relevo aos alimentos secos e conserva, aos produtos de higiene pessoal e material escolar e papelaria.

A roupa interior para crianças e adultos, material lúdico (CD's ou DVD's de música popular ou filmes infanto-juvenis ou didácticos também podem ser entregues na seda da Fundação, na Rua da Boavista. Os contactos podem ser feitos através de info@bomfim.org.


Se querem mais informações sobre esta instituição de solidariedade social, podem consultar o sítio da internet www.bomfim.org mas isto já chega para mostrar como uma ideia simples pode ter efeitos fantásticos na vida das pessoas, a começar naquelas pessoas que dão de si e dos seus bens — afinal, chegam ao fim do dia e sempre poderão afirmar para os seus botões: "sirvo para alguma coisa, sou útil a alguém".

Mas o que faz bem a quem dá, é muito mais valioso e enternecedor para quem recebe.

Os Correios de Portugal não servem apenas para nos trazer as cartas com as facturas que temos de pagar todos os meses, mas servem para fazer a ligação entre os cidadãos que querem ajudar e as instituições no terreno a lidar com as situações de pobreza, de carência e de miséria humana e espiritual existentes em Portugal.

Trata-se de um projecto da empresa iniciado em Dezembro e que prossegue até ao próximo mês de Agosto e como sabemos ninguém em Portugal tem capacidade para chegar a todas as localidades e a todos os habitantes do país. Mais, nas estações dos Correios existem sacos e embalagens onde basta colocar o bem a doar, fechar com autocolante e entregar no balcão.

Neste combate pela democratização da solidariedade, os Correios não nos levam a mal que plagiemos o seu slogan: os CTT são meio caminho andado para sermos solidários e úteis.

Vá lá. Não faça como a pessoa da primeiro parágrafo: não deite esta ideia para debaixo do tapete da sua vida.

TGV: calendário de bitola larga

Da Galiza chegam notícias que deixam mais sossegado o Governo português quanto aos prazos de construção do TGV — Comboio de alta velocidade — entre o Porto e Vigo, com passagem por Braga.

Inesperadas informações, por um lado, e desconhecidas dificuldades nas negociações entre a Junta de Galiza e o Governo de Madrid, constituem uma margem de manobra mais dilatada para o Governo de Lisboa.
O TGV na Galiza não deve estar construído nem em 2012 e muito menos em 2015, como acaba de garantir o ministro espanhol José Blanco.

O novo calendário para o comboio voador nos carris galegos aponta agora para o calendário inicial, inscrito ao tempo do governo de Jose Maria Aznar, ou seja, 2020.

A este novo calendário deve juntar-se as dificuldades notadas, após algum optimismo desmedido, nas negociações para o financiamento da Região da Galiza por parte do Governo de Madrid.

Mais uma vez os calendários eleitorais e os da engenharia não coincidiram, nem tinham que coincidir, apesar das piedosas promessas de que o TGV começava a circular nesta legislatura.

A nova data — 2017 ou mais tarde — foi calculada agora por um especialista em engenharia ferroviária, segundo o qual o comboio de fogo não entrará nos carris dentro de oito anos na Galiza, porque as obras não se podem fazer nem em função da clientela desrespeitando a paisagem.

Cai por terra a pretensão do novo ministro do Fomento — natural da Galiza — se tivermos em conta o rtimo de construção do TGV em outras regiões de Espanha, quando o país vivia tempos de bonança e a Europa financiava tudo.

Agora, com as arcas do tesouro espanhol vazias e os baús europeus direccionados para o combate à crise económica e social, o novo calendário do TGV na Galiza (2017 ou 2020) parece ser mais realista.

Ora, sabendo, como sabemos, que os prazos da política são como as datas do almanaque — para não levar a sério — a margem de manobra do Governo português, para acelerar ou atrasar os calendários do TGV entre Porto e Valença, tem agora uma bitola mais larga.

Para aqueles que não acreditam em bons ventos de Espanha, aqui está o bom casamento que o Governo português esperava, para adiar este investimento e não irritar a oposição.

Resta saber se mais uns anos de sossego para o Governo (de Lisboa e de Madrid) não desassossegam o Minho e a Galiza nem os colocam no último comboio europeu.

Franceses em Braga há 200 anos (15)


O Grande exército que, em Pratzen, dobrou vencera dois Impérios e conquistou "a mais fulgurante e estimável vitória para as águias napoleónicas" — como descreve Carlos Azeredo, veio aqui ao Minho e Norte de Portugal saborear o travo amargo da derrota.

Foi uma humilhante derrota imposta pela tenacidade sem limites, pelo sacrifício sem reservas e pela coragem sem vacilações da humilde gente rural, incentivada pelos padres das aldeias e apoiada por alguns Militares, mostrando ao povo um grande General, Francisco Silveira.

O que restava dos homens e cavalos comandados por Soult estava a salvo, apesar de o General Silveira os ter perseguido pelo caminho de Montalegre até Padroso e passando junto ao Cabeço de Lamas a mais de 1200 metros de altitude, onde recebeu ordem de Wellesley para regressar, tendo entrado em Montalegre a 19 de Maio a caminho de Chaves onde entrou a 20 de Maio de 1809.

Deixando atrás de si um rasto de destruição, sangue e morte, assim acabou a «bela expedição» a Portugal, como se lhe referia o próprio Napoleão nas instruções para a sua execução.

O Marechal Soult perdeu mais de um quarto — 27% — dos efectivos com que violou a fronteira para pisar a Terra Lusitana, entrar na Póvoa de Lanhoso, invadir Braga e conquistar o Porto: mortos ou aprisionados foram cerca de 5700 homens, dos quais 2000 perdidos nesta terrível retirada entre por Lanhoso, Salamonde e Montalegre.

Vencido sem que se tivesse empenhado em qualquer grande e decisiva batalha, a não ser a da Serra do Carvalho, em Covelas e Carvalho d'Este, Soult viu-se obrigado a destruir a sua artilharia e a largar o produto das pilhagens, numa retirada humilhante e precipitada através de vielas com um exército, descalço e esfarrapado nos seus uniformes, faminto e atirado para um estado moral lastimável!

A figura militar do Tenente-General Francisco da Silveira que se afirmou nesta II invasão e em batalhas posteriores, continua praticamente afastada das galerias das nossas unidades e as praças das nossas cidades foram bem mais pródigas em estátuas e placas de Generais mais políticos que militares, mas com menos projecção nacional que Silveira, sem dúvida o Militar mais notável do Exército Portugues durante as campanhas da Guerra Peninsular. Recentemente, foi feita alguma justiça, com a inauguração de um belo monumento em Chaves, na presença do presidente da República.

É que a fantástica vida militar do General Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, não terminou em Chaves no dia 20 de Maio, de 1809, uma vez que prosseguiu no ano seguinte, em Agosto, quando reconquista a vila leonesa de Puebla de Sanábria, ocupada em finais de Julho por tomas francesas que bateram o General espanhol Taboada; após 10 dias de cerco e de combates, o inimigo rendeu-se entregando nas mãos de Silveira 400 prisioneiros, material de guerra e uma insígnia imperial de um Batalhão Suíço.

Nesse ano, de 1810, desde o inicio de Setembro até meados de Novembro, bloqueia a praça de Almeida, e mais tarde, a 24 de Novembro, em Valverde, ataca a Divisão Gardanne que obriga a retirar, deixando no terreno mais de 300 mortos.

A 31 de Dezembro Silveira é batido com as suas pequenas forças transmontanas, pelos 8000 homens de uma divisão do 9.º Corpo, de Drouet, na Ponte do Abade, onde perde 200 homens, mas, a norte do Douro consegue opor-se com sucesso, durante todo o rude inverno de 1810-1811 às tentativa, de Claparéde para passar o Douro afim de recolher provisões no rico Entre-Douro-e-Minho para o faminto exército de Massena.

Em 1813, durante a Campanha do Sul da França, Silveira assume o comando da divisão do General Hamilton, a qual tem uma acção importante no ataque a Tormes a 25 de Maio.

A 21 de Junho, na batalha de Vitória (60 000 franceses contra 80000 aliados) a Divisão Silveira (única Divisão portuguesa na batalha), envolvendo a esquerda do inimigo caiu-lhe sobre a retaguarda pondo-o em fuga desordenada e capturando parte da sua Artilharia, bagagens e o célebre tesouro do Rei José Bonaparte.

O General Francisco Silveira foi condecorado pelo Governo Inglês com a Medalha de Ouro de Comando em Vitória, de que apenas foram cunhados três exemplares, cabendo um deles ao próprio Wellington, e pelo Rei de Espanha foi-lhe concedido o título de Grande de Espanha e a comenda da Grão Cruz da Ordem de São Fernando.

— D. João VI atribui-lhe a Grão-Cruz das Ordens de Cristo e da Torre e Espada e ainda o título de Grande de Portugal. antes de falecer a 28 de Maio de 1821 na sua casa em Vila Real de Trás-os-Montes. Os seus restos mortais descansam em sepultura própria, na Capela do Espírito Santo da povoação de Canelas do Douro.

Aliás, foi em memória e homenagem a este General e a todos anónimos Portugueses que, numa Pátria invadida, moribunda e arruinada, não desistiram e souberam lutar, que o general Carlos Azeredo dedicou o seu livro “As populações a norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809”, editado em 1984 pelo Museu Militar do Porto e constituiu importante apoio na elaboração de algumas das partes desta série de trabalhos.