Wednesday, May 20, 2009

Têxteis: a banca, o Governo e as empresas



São inquestionáveis a estabilidade e saúde do sistema financeiro num país e por isso o Governo, em nome dos interesses nacionais, procedeu a algumas intervenções, escudadas no Banco que contRola, para consolidar algumas instituições em apuros. Fez estas intervenções no pressuposto do sistema financeiro ser alavanca — como tem sido — do tecido produtivo nacional, dando apoio ás empresas que também estão em apuros.

Se o Governo fez o que lhe competia, de forma genérica, o sistema bancário não está a cumprir o que devia. Mais não está ao serviço do país numa atitude que pode vir a pagar mais caro e ter de ir ao beija-mão do Estado.

Os empresários — aqueles que aplicam o seu dinheiro, o seu talento e a sua capacidade de inovação — continuam sem a resposta que mereciam, depois do Governo ter dado ao sistema financeiro as condições de estabilidade.

Ora, a Norte e especialmente no Minho, essa queixa é todos os dias sublinhada sem que se vejam respostas concretas por parte das entidades bancárias. Mantêm-se os problemas ligados ao acesso ao crédito, aos seguros à exportação e à fiscalidade apontados — mais uma vez — pelos empresários do sector têxtil, em Guimarães, numa reunião com o grupo de trabalho para o sector da Assembleia da República.

A deputada socialista Teresa Venda, que coordena o grupo da Comissão de Economia, disse que o relatório, a elaborar dentro de dias, irá reflectir as preocupações dos empresários, em especial o da dificuldade de acesso a garantias de crédito à exportação.

Os problemas de acesso ao crédito bancário prendem-se essencialmente com a política bancária e com o risco associado ao sector têxtil, assinalando e se, nesta área o Governo tem actuado através de medidas de garantia para as pequenas e médias empresas, falta a complementaridade da Banca portuguesa que não pode singrar divorciada da economia nacional.

O Governo pode, nesta fase difícil das nossas empresas, alterar ou suspender o pagamento especial por conta e deve cumprir aquilo que anunciou em Fevereiro e ainda não o fez: garantir 60 por cento dos créditos à exportação. Talvez seja este o pequeno sinal do Governo que falta às instituições bancárias

Num tempo em que todas as ajudas são bem vindas, o pagamento do IVA apenas quando a factura for recebida é outra das medidas que o Governo devia implementar de modo a dar algum alívio ás tesourarias das empresas.

Evitar mais falências e desemprego deve ser uma prioridade real — não apenas apregoada — do Governo que pode fazer mais alguma coisa e se não fazer mais nada, basta que realize o que prometeu. Só assim terá autoridade moral e legitimidade para obrigar a banca a cumprir as suas obrigações para com os empresários e a economia nacional, para bem da saúde do sistema financeiro.

Sem empresas não se criam postos de trabalho e não há riqueza produzida pelo trabalho, traduzida em salários que permitem estancar a queda do consumo que constitui um dos pilares de uma economia tão frágil como a nossa.

Se continuarmos a olhar todos uns para os outros, para ver quem dá o primeiro passo, sem fazer nada, estamos todos a caminhar e a contribuir para o precipício do vazio: Governo, banca, empresas e o país,

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