Wednesday, March 25, 2009

Franceses em Braga há 200 anos (7)




Nesta semana evocamos a entrada triunfal das tropas francesas — escorraçadas de Tui, Caminha e Cerveira — por Chaves em Portugal. Na Galiza, ecoam ainda as batalhas gloriosas pela expulsão total dos franceses das principais cidades, desde Vigo a Ourense, numa íntima colaboração entre os civis, milícias e militares.

O Marcehal Soult tentava cumprir a última ordem de Napoelão: entrar em Portugal, a partir do quartel general instalado em Santiago de Compostela, com o avanço de duas divisões, uma para Tui e outra para Pontevedra, como escrevemos na crónica anterior.

Por cá, o general Bernardim Freire de Andrade assumia o comando das forças na província do Minho de modo a impedir a entrada no inimigo por Trás-os-Montes, de modo a cobrir e defender o Porto. Os 2400 homens postados em Chaves. Eram poucos para fazer face aos 24 mil homens franceses que Napoleão colocou à disposição de Soult, por ordem expressa a 21 de Janeiro de 1809. Com mais de 54 mil franceses preparados para entrar em Portugal, pelo Minho, pelas Beiras e pelo Alentejo, em três frentes, o primeiro dissabor aconteceu com a derrota em Caminha e Cerveira.

A 31 de Janeiro de 1809, o governo militar de braga era entregue a Caetano Vaz Parreiras. De Braga partiu para Ponte de lima e depois para Viana e Caminha. Distribuiu as suas tropas ao longo do rio Minho — em ano de enchente e grande cheia. Os portugueses resistiram galhardamente e afastaram os franceses a 16 de Fevereiro.

Os franceses contornaram a fronteira para entrar por Chaves onde as tropas portuguesas resistiram apenas quatro dias (8 a 12 de Março) e são obrigadas a recuar para Vila Pouca de Aguiar para proteger Vila real mas deixando Braga descoberta e indefesa.
Bernardim Freira deixa o rio Minho e reagrupa as tropas em Braga, em posição muito crítica face ao recuo dos homens de Chaves para Vila real, como veio a acontecer. Bernardim Freire ainda tomou a opção de ocupar uma excelente linha defensiva na Serra da Cabreira, entre Salamonde e Cavês, mas a posição revelou-se débil. Os franceses chegaram a Ruivães (Vieira do Minho) sem dificuldade e forçaram a passagem em Salamonde e na Venda Nova.
As notícias destes fracassos _ defesa na Cabreira e no desfiladeiro de Venda Nova — chegaram rapidamente a Braga. O povo revolta-se contra o general Bernardim Freire e exige-lhe que ele marche em direcção à Serra do carvalho d+Este, cuja defesa estava a ser feita pelo barão de Ebsen. Esta importante posição defensiva era constituída pelos montes do Carvalho, Bom Jesus, Adaúfe, Sameiro, Santo António e Falperra, contornando a bacia do rio Este.

Bernardim Freire conclui ser inútil a defesa e prepara-se para retirar, de modo a salvar o seu exército. O povo de Braga não gostou desta desistência, amotinou-se e assassinou o general Bernardim Freire, sob a acusação de servir os franceses, aclamando o barão de Ebsen, que tomou o comando do Carvalho d''Este, Ponte do Porto (Amares) e Falperra.
No dia 17 de Março de 2009, os franceses atacam Carvalho d'Este "mas nada conseguem contra esta formidável posição"
— como escreve António ventura em "Nova História Militar de Portugal", Volume 3.

Os franceses recorreram a mais duas divisões (de Mermet e Haudelet) que chegam no dia 19 e no dia 20 Soult organiza um ataque com três colunas ( divisões Haudelet, Mermet e Laborde) e saiu vitorioso.
A Divisão de Haudelet entrou pela ponte do porto, passou por Crespos e conquistou o Monte de Adaúfe. A divisão de Laborde, vem pela Póvoa de Lanhoso, conquista a defesa do castelo de Lanhoso, segue pelo Pinheiro e concentra-se em Carvalho d'Este, enquanto a divisão de Mermet conquista o flanco da Falperra e junta-se à de Laborde, no Bom jesus, antes de descer a Braga.

Os franceses conquistaram Braga nesse dia mas, ao contrário do que esperavam, encontraram uma cidade completamente deserta. No dia 22 de Marços, todas as tropas de Soult estavam concentradas em Braga e arredores. De Braga, os franceses deslocaram-se para Guimarães onde encontraram alguma resistência nas Taipas, ao passar o rio Ave, antes de chegarem ao Porto a 27 de Março. Em Braga ficaram cerca de três mil militares gauleses.

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