Friday, April 18, 2008

Bento XVI: um gesto corajoso



O Papa Bento XVI proporcionou-nos uma grandiosa lição de coragem ao reunir-se em Washington com um grupo de pessoas que foram abusadas sexualmente por membros do clero.

O nosso Alexandre Herculano dizia que não nos devemos envergonhar de corrigir os nossos erros e mudar as opiniões, porque isso significa que não temos vergonha de raciocinar e aprender.

O grupo, acompanhado pelo arcebispo de Boston, orou com o Papa que escutou depois os seus relatos pessoais e lhes ofereceu palavras de encorajamento e de esperança.

Bento XVI "garantiu-lhes que rezaria por eles, pelas suas famílias e por todas as vítimas de abusos sexuais".
O encontro durou 20 a 25 minutos, e o arcebispo de Boston entregou ao Papa um livro contendo a lista de mil vítimas da sua diocese.

A Igreja católica norte-americana foi abalada por este escândalo depois da confissão em 2002 do arcebispo de Boston na época, que admitiu ter protegido um padre que agredira sexualmente jovens católicos, o que desencadeou uma série de revelações embaraçosas e um afluxo de queixas.

Falando aos bispos norte-americanos no terceiro dia da sua viagem aos Estados Unidos, Bento XVI reconheceu que o caso foi, "por vezes, muito mal gerido" mas defendeu "a compaixão e a atenção às vítimas".

Embora tenha denunciado também os "costumes sexuais" da sociedade americana que constituem o "contexto" deste escândalo, Bento XVI afirmou-se acima da mediocridade de grandes lideres mundiais.

Pode parecer desabido, citá-lo a este propósito, mas Mao Tse Tung defendia que os líderes devem evitar a arrogância. “É uma questão de princípio para os dirigentes, mas é também uma importante condição para manter a unidade. Nem mesmo aqueles que não cometeram erros graves e conseguiram grandes êxitos no trabalho devem ser arrogantes”.

Assumindo os erros de alguns membros da Igreja Católica, além de um acto de enorme coragem e lucidez do papa, ao fazê-lo, Bento XVI reconquistou provavelmente o coração dos americanos e abriu de par em par a porta da reconciliação e lançou as sementes da Esperança.

Os católicos dos Estados Unidos humilhados pelos acontecimentos tristes de 2002, podem agora sentir-se orgulhosos de pertencerem a uma família de crentes que sabe pedir perdão e merece o perdão da sociedade norte-americana.

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