Wednesday, March 19, 2008

Braga: restam sete Calvários mas um destaca-se




Eram 14 pequenas capelas incrustadas nas paredes, todas parecidas, onde se evocava o percurso sofredor de Cristo a caminho da execução na cruz. São os Calvários ou estações, locais onde a procissão do Senhor dos Passos se detém para os fiéis poderem rezar e reflectir sobre os derradeiros passos do filho de Deus.

Eram 14 capelinhas que, na chamada Roma portuguesa, mas hoje são apenas sete embora continuem a merecer forte veneração durante as solenidades da Semana Santa. Passada esta, as portadas fecham e escondem os quadros dos “passos” de Cristo.

No sábado, antes do Domingo de Ramos, a imagem do Senhor dos Passos sai da Igreja de Santa Cruz para o templo do Seminário no Largo de S. Paulo. Depois, a via sacra segue o itinerário dos calvá-rios pela zona histórica, acompanhada pelo coro da paróquia da Sé.

Só que na urbe dos arcebispos apenas sobreviveram sete calvários disseminados pela casco histórico, pretendendo a Igreja que a câmara municipal colabore na reconstrução dos oito restantes, vítimas da erosão do tempo, condenados à voragem do progresso.

RECUPERAÇÃO
ADIADA

Várias vezes foi assinalada a importância "da recuperação deste património", porquanto os calvários de Braga remontam aos séculos XVI e XVII. Os que faltam foram "arrasados" no século XIX, com a expansão da cidade.


Os "Calvários",terão sido construidos no séc XVll e XVlll, no barroco e com desenho de Carlos Amarante.
Dos que restam, um destaca-se dos restantes. É o da Casa de Santa Cruz do Igo, sofreu modificações interiores ao longo do tempo.

Os donos da casa, a Família de João Sousa Machado, foram sempre os conservadores, recuperadores, responsaveis e seus donos. “Donos?...Não!Nem El-Rei, nem o Arcebispo! Fieis depositários de uma ideia...Trata-se de um espaço, de um altar, para chamar à oração os fieis e os cidadãos. Trata-se de homens, de utopia e fé!” — lê-se no blogue da casa em que este Calvário está incrustado.

A imagem do Senhor dos Passos foi mandada fazer pela família, a um marceneiro, no SÉc XlX, que depois a ofereceu como penitência. A última intervenção e recuperação foi feita em 2004, respeitando integralmente o que existia.

“Além da imagem do Senhor e das pinturas tão populares, humildes até, e do altar com dourados (para "ganhar" aos outros Calvários o título de mais bonito),o "Senhor do Igo" olha de frente a Sé de Braga e a sua imponência, mas competindo com ela no dever, humildade e respeito para com as pessoas que o vêm e visitam. Também é lugar de Deus e está na rua!”

A Família Sousa Machado a quem se deve o trabalho notável de recuperação da Casa Santa Cruz do Igo — abre o Calvário todos os dias da Semana Santa, em datas importantes para a família, assim como para cumpri- mento de qualquer pro-messa de alguém que o deseje. E existe muita fé à volta deste "Senhor"...

Nós pudemos constatar a total disponibilidade desta família para aceder a este Calvário do Senhor do Igo...

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