Saturday, March 29, 2008

Braga: Albano Belino dissipa dúvidas em S. Gregório?


Pertence a um grande historiador bracarense, Albano Belino, foi publicado em 1895, pela Typographia Occidental, Porto. As páginas 164 a 166 de “Inscrições e Letreiros” lançam alguma luz sobre a polémica que recentemente tem envolvido o logradouro da Capela de S. Gregório, onde hoje se realiza a festa em honra do patrono do coração.

Sem comentários, limitamo-nos apenas a transcrever o que ali se pode ler. adaptando apenas as palavras na grafia de hoje.
“Dentro da área paroquial de Maximinos, e no arrabalde da cidade, levanta-se um pequeno monte coroado por alvejante capelinha com a denominação de S. Gregório Magno. Agradeço a quem me fez chegar tão importante documento que pode ajudar a pacificar a comunidade maximinense quanto à polémica da propriedade do logradouro envolvente da Capela de S. Gregório.

Do planalto em que nela assenta, goza-se uma excelente vista em todas as direcções.
Ali se faz anualmente uma romaria muito concorrida.
É de supor que a primitiva capela datasse de tempos muito remotos. Não nos foi, porém, possível encontrar documentos anteriores ao ano de 1669.

Em 1755 reconstruiu-se; e a madeira velha foi vendida (dois carros) por 960 reis, a Manuel Correia, da Cruz de Pedra (extremo da cidade).

Oito anos depois, concluiu-se a pintura e douramento.

A capela tem na frente algumas oliveiras e já em 1764 as havia; pois nesse ano produziram quatro alqueires de azeitonas (n.r.; entre 50 a 60 quilos), que se venderam por 380 reis.
Na primeira página dos Estatutos, aprovados pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Telles, em 1723, diz-se entre outras coisas:
“Tendo pois este bem-aventurado Santo tantos templos, quantos são os corações de seus devotos, de quem ele desterra as agonias, como o Zafiro do céu as núvens, para respirar a vida sem estorvos, só uma única capela tem ao presente neste Reino, que fora dos muros desta cidade se ergue num monte, etc.”

Neste ano era juiz da Confraria o cónego Estêvão Falcão Cotta, signatário do seguinte documento, que vimos, com data de 3 de Janeiro:

Visto o pedido da ilustre mesa do milagroso Dr. da Igreja S. Gregório Magno, hei por bem ceder o terreno em circunferência da capela servindo de marcação a cruz da confraria onde principiam os clamores e além desta marcação mais uma vara (n.r. 1,1 metro linear) em volta por fora da cruz em terreno que pertence ao montado da quinta do falcão, com a condição de todo o mato do terreno que dou para veneração do mesmo milagroso santo; o mato será roçado pelos meus caseiros e de futuro para precisões (necessidades) da quinta; com toda a devoção mandamos passar este documento que para glória do mesmo milagroso Santo vamos assinar mandado por mim”.

Ao lado norte da Capela, ergue-se um singelo cruzeiro (entre outros que da cidade levaram para ali), tendo na base o seguinte: FOI FEITO A CUSTA DA CONFRA(ria) DE S. GR(egori)o NO ANNO DE 1752.

A Mesa de 1738 pôs termo ao antigo costume de se alugar o sino da capela por 240 reis para os louvores de Deus em solenidades estranhas, e fora dela.

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