Thursday, February 28, 2008

Alberto Vieira: a simplicidade não é simples de fazer



É ceramista desde há 21 anos e todos os anos executa, pelo menos, um presépio, mas Alberto Vieira é um artista com imensa actividade espalhada através de uma dezena de exposições individuais e cerca de quarenta mostras colectivas.

A simplicidade deste vilaverdense, nascido em Pico de Regalados mas radicado em Braga desde a Juventude, não contradiz a qualidade atestada por inúmeras distinções, das quais destacamos o primeiro prémio em várias edições do Concursos de Design Cerâmico nas Caldas da Rainha, ou o primeiro lugar no concurso para a escolha da mascote do Europarque, na Vila da feira, há 12 anos.

Da Coreia guarda gratas recordações devidas à menção honrosa no World Ceramic Biennale 2003, enquanto a Valência foi buscar o Prémio Deputació na VI Bienal Internacional de Cerâmica Manises. No ano passado arrebatou o prémio especial do júri da VI Bienal de Artes plásticas da Marinha Grande.

Mas os prémios que mais o engrandecem são aqueles que enriquecem os espaços públicos de Braga ou de vila Nova de Cerveira, para além das esculturas presentes nos Museus de Olaria de Barcelos, de Cerâmica das Caldas da Rainha ou ainda do Museu Alberto Sampaio (onde esteve presente durante o último Verão) e no Mosteiro de Tibães.

Todavia, a sua arte está intimamente associada aos presépios que faz desde há vinte e um anos, reunidos em livro, numa iniciativa recente da Fundação Bracara Augusta.

Tudo isso é justificação suficiente para a entrevista:

Correio do Minho — Como nasceu a ideia de publicar este livro dos 27 presépios?

Alberto Vieira —
A ideia apareceu na Fundação Bracara Augusta, através da dra. Maria do Céu Sousa Fernandes que tem acompanhado o meu trabalho. Fazia este ano vinte anos de presépios. É sobretudo um registo destes vinte anos de trabalho nesta área específica dos presépios. Pode-se perguntar porque apareceram vinte e sete presépios, sendo uma compilação de vinte anos de trabalho, acontece porque houve anos em que foram feitos mais que um presépio. O livro é sobretudo uma compilação desse trabalho desses vinte anos e isso significa que cada ano tenho vindo a fazer um presépio diferente, tenho vindo a fidelizar sobretudo coleccionadores e também é uma das razões porque continuo a fazer presépios. As pessoas criam expectativas e esperam sempre todos os anos por um novo modelo. A Fundação Bracara Augusta, sabendo deste meu trabalho, propôs-me fazer este livro e eu aceitei e estou muito satisfeito. Tenho que agradecer sobretudo à doutora Maria do Céu Sousa Fernandes que teve a iniciativa e à Fundação que patrocinou o livro, juntamente com outras empresas que tornaram possível esta edição de mil exemplares. Marca um período de trabalho e é importante ter esse registo em livro, para a pessoa e em termos de futuro para se saber o que fiz.

CM — Que tipo de presépios podemos encontrar neste livro?
AR —
Como disse Eduardo Madureira na apresentação do livro, o meu trabalho na área dos presépios é um bocado eclético. É difícil descrever por palavras aquilo que lá está. São resultados de influência de muitos países, de muitos estados de alma, de muitos contextos e cada um é um bocado diferente, nos materiais, na abordagem estética, nas cores, na textura, que resulta de diferentes contextos em que foram feitos. É uma minha forma de trabalhar, tentar reinventar e redescobrir algumas coisas.

CM – Existe alguma justificação ou explicação para esta inclinação de fazer presépios, a uma média de um por ano e em alguns anos mais que um?
AR —
Não encontrei. Tenho uma formação católica como quase toda a gente, tenho referências muitos fortes em relação a esta época do ano e ao presépio, mas eu não encontrei uma resposta que satisfizesse em termos de ter consciência de saber porque é que faço presépios.

CM — Mas há uma mensagem nos seus presépios?
AR –
Eu acho que há uma mensagem em tudo o que a gente faz. Não pretendo dar uma mensagem especial com os presépios, até porque os presépios são eles próprios uma mensagem, Toda a gente sabe o que é um presépio, desde a antiguidade, portanto, não vale a pena estar a colar-lhe grandes mensagens. Essa ideia já existe na cabeça das pessoas, é um triângulo amoroso, pode ser muitas outras coisas ou o que ele representa.

Por exemplo, aquele modelo de família que está ali, para uma sociedade ocidental, é um modelo que acaba por ser um paradoxo. É um modelo que nós adoptamos e nem sequer é muito igual àquilo que nós temos de família. Aquele pai que está ali não é o pai daquela criança. A sociedade ocidental adoptou como modelo aquela família e esse paradoxo tem piada porque o nosso modelo de família não é assim, em termos gerais. Tem esses lados mais ou menos singulares. O presépio, em si, não tem grande piada, não é mais que isso, mas as pessoas podem ver ali outras coisas, com mensagens subliminares que as pessoas podem descobrir e tem essa liberdade.




CM — O professor vem do Pico de Regalados. Qual foi o seu percurso até ao tempo presente?
AR -
Fui uma criança normal, com a minha infância na aldeia. Depois, a família aumentou, somos seis filhos, e quando houve necessidade de começarmos a estudar, tivemos de vir para Braga. Instalamo-nos em Braga. Eu com 16 anos, fiz a primeira exposição de pintura mas quando era criança o meu desejo era ser arquitecto, fazer muitas coisas.

As coisas foram surgindo naturalmente, fiz o meu curso, na Escola Industrial Carlos Amarante concorri para dar aulas de trabalhos manuais e foi o que fiz aos 18 anos, depois fiz um curso de complemento de formação específica na área da pedagogia, e a cerâmica surge assim quase sem eu fazer nada por isso. Descobri que era um material plástico, com muitas potencialidades, com uma facilidade muito grande em ser transformada para podermos concretizar as ideias e os projectos. Aderi à cerâmica e fui fazendo umas coisas.

Entretanto, surgiram outros materiais e tenho alguns trabalhos que fui fazendo com madeiras, com ferro, aços, pedra, conforme o cliente, muitas vezes. Trabalhos de grande dimensão e mais pequenos,

CM — Disse-nos que em pequeno queria ser arquitecto mas sempre teve um certo fascínio pelas artes plásticas. É uma inclinação familiar ou existe outra razão para explicar esse gosto.
AR —
Esta opção não tem explicação. Não sei porque é que acontece e o meu caso é um bocado o paradigma disso porque na minha família não tenho tradições artísticas. O meu pai foi muitos anos empregado de mercearia, a minha mãe era modista. Soube já quando era adolescente que tinha um avô que era ourives. Não sei se tem alguma relação ou não tem.

Mesmo a minha formação não é também na área das artes plásticas ou coisa que o valha, digamos que esta minha necessidade — não sei se posso dizer assim — por me expressar neste trabalho, não está na minha formação académica, está naquilo a que alguns chamam auto-didactismo. Acho que ninguém é autodidacta, estamos envolvidos num mundo, numa série de coisas que vão acontecendo e nós estamos sempre a aprender com os outros. Estamos abertos a todo o tipo de influências e isso é que nos vai formando.

CM — porque escolheu a cerâmica?
AR —
Há coisas de infância que ainda hoje recordo que eventualmente me fizeram despertar para a cerâmica. Lembro-me do fascínio que tinha pelos bonequinhos até do presépio, que se montava nas casas. Havia também um prato que ofereceram aos meus pais, em baixo relevo e eu achava aquilo fascinante quase transcendente. Lembro-me de desfazer um tijolo para tentar fazer uma massa, pensava eu que era possível, uma pasta; porque também me lembro muitas vezes de estar à mesa à espera da sopa e com o miolo do pão fazer uns bonequinhos, O meu pai não gostava nada mas eu fazia umas carinhas e uns bichinhos. Era muito pequenino.

Eu não acredito muito nessa coisa do destino, mas acaba por ser natural em mim no que eu faço. Eu nunca procurei, foi surgindo, não sei porque estou a fazer isto e não outra coisa. Há muitas coisas que surgem na vida das pessoas por acaso e as pessoas vão conhecendo.

O meu percurso artístico é um bocado isso, nunca foi planeado, nunca me sentei a pensar... agora vou fazer isto ou aquilo. Se surge uma bienal, eu participo, se surge um concurso eu participo, se surge uma proposta ou projecto de trabalho, se puder faço, ou se surge uma encomenda também faço, é assim. As coisas têm me corrido bem.

CM — Dá para viver das encomendas?
AR —
Acho que podia viver deste trabalho. Já tenho os filhos formados, o período das dificuldades já passou mas eu também gosto muito de dar aulas.

CM - … E tenta conciliar as duas coisas…
AR —
Consigo, tenho que roubar muitos fins-de-semana ao meu descanso, trabalhar aos sábados e domingos, sobretudo nesta altura do natal. Acontece-me sempre e tenho uma relação com o trabalho muito forte.
Não estou quieto.




CM – Mas não pode ser definido apenas como um ceramista?
AR —
Custa-me um bocado a aceitar esses rótulos, mas, pronto, as pessoas têm de ser identificadas por alguma coisa. Não temos de pôr isso à frente da pessoa. Acho que em Portugal se faz demais. O dr. é muito importante e o eng. Também é. Acho que isso é muito bacoco e provinciano, as pessoas terem de se apresentar com mais alguma coisa à frente do nome.

CM — Estamos a tentar definir o seu trabalho principal.
AR —
Não, eu faço trabalhos em vidro, escultura, muita coisa, aquilo que eu acho que posso fazer no interesse da minha evolução, através de cursos, de reciclagens, para diversificar a actividade para além da cerâmica. A gente não saber quase nada.

CM — Costuma fazer exposições regularmente?
AR —
Ainda este ano houve uma exposição com alguma dimensão no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, que esteve aberta ao público nos meses de Julho e Agosto. Foi no âmbito do projecto Museu à Noite, eu tive uma exposição que esteve lá nesse período e foi muito visitada.

CM — Está prevista mais alguma?
AR —
Por agora não. Estou a trabalhar para o Natal, a acabar o presépio deste ano. Há muita gente a coleccionar presépios. Há grandes coleccionadores. Eu tenho um cliente que é possuidor da maior colecção de presépios da Península Ibérica.

CM — Quantos exemplares faz de cada presépio?
AR —
Costumo fazer trinta mas este ano vou fazer uma tiragem de 45. Os presépios são numerados, com assinatura do artista e as pessoas já sabem que estão a comprar um presépio de uma série que tem mais X presépios. Há mais gente a querer presépios e por isso fiz uma tiragem maior.

CM — Qual é o traço diferenciador ou identificativo do presépio deste ano?
AR …—
Não sei explicar. Só mostrando. É muito simples e eu acho que cada vez mais temos de fazer as coisas mais simples. É isso que temos de fazer na vida. Simplificar a todos os níveis para melhorar a nossa qualidade de vida, a nossa relação com a Terra, com o mundo e com as pessoas. Essa ideia da relação com a natureza não é nova, só que a gente esquece-se muito. Outros transformam-na num negócio, comos e vê agora com a reciclagem.

CM — Como artista plástico, como está a arte em Portugal?
AR –
Acho que está bem e recomenda-se. A arte sempre esteve bem mas em termos comerciais, estamos numa encruzilhada muito grande. Está tudo inventado. A questão é essa. Há artistas que ainda consegue fazer qualquer coisa que nos crie admiração ou espanto. Se calhar o talento é isso. Há tanta gente a trabalhar que é muito difícil ser-se original e as linguagens já foram quase todas experimentadas.

Neste momento, o que prevalece é um certo caos organizado, uma certa mistura de tudo, que funciona muito bem. É isso que eu estou a assistir. A minha filha, acabou Belas Artes há dois anos, e o aquilo que ela faz é um bocado o que eu sinto: a pintura no sentido mais tradicional do termo não existe. Pintar com o pincel, é uma coisa que para os jovens artistas não faz muito sentido. Está–se a criar muito a ideia de que é preciso reaproveitar aquilo que é considerado lixo, a ideia da reciclagem está muito presente na arte. Ainda bem que assim é.

Hoje faz-se a arte de quase tudo, de quase todo o tipo de materiais, e há coisas com resultados fabulosos, ideias fantásticas.
Em termos comerciais, parece-me que se está a fazer uma selecção natural. Houve um período em que toda a gente vendia, o mercado era forte e havia uma tendência muito grande para comprar arte. Acho que agora só se está a vender aquilo que é de pessoas com algum estatuto, que têm uma certa protecção do mercado.

O mercado da arte é muito complicado. É assim uma espécie de economia paralela, nãos e percebe muito bem como funciona. Em termos da cidade de Braga, é o que sempre foi.

É um grupo de compradores e são quase sempre os mesmos mais alguns amigos e família. São quase sempre as mesmas pessoas e eu acabo por concluir que é melhor trabalhar para um grupo de pessoas que aprecia e nos vai dando valor do que querer uma atitude mais abrangente e universal.

É preferível nós termos o nosso publicozinho - uma expressão que já ouvi aí — e estarmos bem com essas pessoas.
Se a gente puder dar alguns saltos lá por fora, é óptimo, até porque são desafios que por vezes nós pensamos que estamos preparados e não estamos.

Já me tem acontecido concorrer a bienais - por exemplo na Itália — e não ser aceite. Esta coisa de que a gente chega a um certo ponto e pensa que já é artista não é assim.

CM — existe algum momento mais feliz na sua carreira?
AR —
Não sei. É um bocado difícil. Não tenho trabalhos preferidos porque eu acabo de fazer uma coisa e já estou a pensar noutra, se for capaz. Há uma coisa que eu não posso negar: eu gosto de me surpreender com o meu trabalho. Se eu for capaz de fazer isso, eu acredito naquilo que estou a fazer. Ao surpreender-me a mim também vou surpreender as outras pessoas. É um bocado essa atitude que eu tenho em relação aquilo que faço.

Não posso negar que há um trabalho ou outro que eu posso achar que fui mais feliz ou resultou melhor. Isso acontece. A atitude que eu tenho é acabar uma coisa e fazer de conta que já não existe. Não gosto de remoer sobre o que está feito, pois não ando para a frente; há sempre a hipótese de encontrar defeitos. Isso vai inibir-nos.

CM — Em termos europeus, como está?
AR —
Eu não posso esquecer que vivo num mundo fechado para a arte. Eu vivo em Braga porque quero e não me posso queixar de nada. Podia ir para outro sítio qualquer mas o problema é a quantidade de gente, quando se quer ir para fora expor. Estou-me a lembrar de uma bienal que participei na Coreia.

A primeira vez que participei, concorreram quatro mil pessoas para seleccionar 150 - está a ver como isto é. Depois são todos bons e de todo o mundo, porque os prémios são fabulosos. O prestígio daquelas bienais é muito grande…

CM – Não intenção de realizar uma exposição em Braga?
AR –
É uma questão de me propor e eu aceito. Fiz uma boa exposição aquando do bi-milénio em Braga, fui artista permanente da Galeria Mário Sequeira, continuo a trabalhar para a BeloBelo.

Não estou descontextualizado da cidade, mas gostava de fazer uma coisa de grande dimensão, com várias figuras. É uma ideia que anda a ser trabalhada, com uma exposição muito próxima das pessoas, na rua, à mão das pessoas, sem elas terem aquela inibição que é dar um primeiro passo para entrar numa galeria, que muita vezes é difícil.

Percebo que haja muita gente que não entra nas galerias porque não se identifica com aquele mundo, ou que é uma coisa que está fora do seu alcance. Criou-se um bocado essa ideia que o artista está for a da nossa vida normal e do quotidiano.

É preciso desmontar isso tudo, quando as pessoas perceberem que os artistas são iguais a elas, são pessoas de carne e osso, que comem e vivem como elas, com problemas e alegrias, vai ser mais fácil.
Para já é tudo um embuste porque se cria muitas vezes uma certa imagem de que o artista é especial, de outro mundo que tem direito de dizer disparates e andar distraído. Eu não aceito isso.

CM — de bater com a cabeça nos postes…
AR –
é. Eu nunca aceitei isso. Temos que pensar, viver, sacrificar-se como as outras pessoas. Depois também há aquela ideia de que para o artista é tudo fácil, de fazer, de ganhar dinheiro. São chavões, são coisas terríveis, que não correspondem aquilo que se passa. Por exemplo, a inspiração, muitas vezes é trabalho, trabalho, trabalho. Se deixarmos de trabalhar, deixamos de evoluir.

É como um pianista. Para ser cada vez melhor pianista, tem de trabalhar todos os dias. Nós muitas vezes trabalhamos, só por trabalhar, por fazer coisas, a tentar evoluir e fazer mais e melhor. Temos que andar um bocadinho mais atentos às coisas e aos pormenores e transformar aquilo que vemos em objectos conceitos e coisas.

CM — Como define os seus trabalhos?
AR —
Eu sei reconhecer e tenho noção daquilo que fiz e sei que tenho muita estrada para andar.

CM — A simplicidade é uma das suas características?
AR —
A simplicidade não é o que é mais simples de fazer. A ideia de simplicidade é sintetizar muitas coisas pelas quais já andamos. Para fazer essa síntese é preciso andar por vários, sítios, fazer várias tentativas. Não é uma obsessão para mim, a simplicidade, mas procuro que faça parte do meu trabalho.

CM — Gosta muito do branco…
AR —
depende das épocas. Se vier cá para o ano, estou a fazer tudo preto. Não tem explicação óbvia, imediata. Há imensas variantes e factores que influenciam as nossas escolhas e por isso não sou capaz de definir o meu trabalho.

Não gosto de fazer sempre a mesma coisa, sou eclético. Não estou muito preocupado em catalogar-me. O meu trabalho é identificável. As pessoas sabem que é meu e isso já não é meu. Significa que há as pessoas chamam estilo. Já pode sastifazer-me mas há muita coisa que eu quero aprender.

Faço o melhor que posso e o melhor que sei neste momento. Não estou agarrado a modelos, a ícones, a estilos, porque surge muito do que eu sou.

O pintor pinta-se e eu sou um bocado assim, eu não escondo nada do que eu sou. Não tentei criar uma fórmula, se calhar é um erro, mas é uma opção.

Braga: da varanda para as ruas


Da varanda para as ruas


Realizar uma volta pelo Centro Histórico de Braga, à procura da melhor prenda de Natal, alimenta-nos a memória de momentos que gostávamos intermináveis.

Enquanto caminhávamos, tantas, tantas vezes nos sentimos a desamarrar daqueles seres que num momento ou outro nos elevaram o olhar para um céu que se descobriu sobre o nossos olhos mas escureceu.

Zarpamos nesse ritmo que nos fez acreditar de novo que os sonhos são apenas pedaços de realidades a construir...
Algumas vezes recordamos os passos que demos em silêncio percebendo que chegou a hora de esquecer a história que, nos tais momentos, nos pareceu tão doce, tão certa, tão nossa...

Raramente acontece mas, às vezes, sentimos que aprendemos, vivemos e chegou na hora de deixar partir ou de simplesmente largar a nossa mão de um aperto cada vez mais frio e frágil...

Por isso, palmilhamos o caminho de regresso ao som das portas e embalados pelas varandas tendo deixado no ponto onde nos encontramos connosco as saudades e as dores de mais uma história que perdeu validade...

Outrora ali voltamos, inconscientes de que a vida continuará dolorosamente injusta e arbitrária...
Rezamos, junto aos Calvários da Semana Santa, ou entramos nas Igrejas só para olhar para a multidão de Cristos crucificados e perguntar-lhes: por que me fazes isto? Todos ficaram calados.

Tivemos outras vezes em que os nossos pés, descalços, semi-calçados e calçados percorreram diversas estações num percurso que nos leva e nos traz sem nunca largarem no tal ponto coisa nenhuma.

Imediatamente,vemos que têm razão os cegos, os doentes cancerosos desenganados, os desempregados, os sem-abrigo e comida. O problema deles não se compara à minha sofreguidão de encontrar a prenda desejada...

Naquelas caminhadas que nos levam ao mesmo lugar onde recolhemos o nosso próprio corpo num abraço que magoa mais do que acalma.
Ao olharmos o céu — ou para os Cristos das nossas igrejas — na procura de uma justificação que nos ajude a enterrar o que vemos já morto, ficamos a saber aquilo que não tivemos coragem de admitir...
Olhamos, sofremos nesta tirania de não termos a capacidade de nos fazer totalmente felizes...sem esquecer os outros.

É por falta de coragem que caem sobre nós todas as dores, por cobardia que todas as ilusões que se tornaram negras, todas as vezes em que nos foi difícil largá-las...

Pedaços de nós — mesmo os melhores — continuam de pé, porque existem simplesmente pessoas a quem nos custa largar a mão, histórias que nos custa admitir que não nos pertencem, pessoas que não nos incluem, temperamentos que não nos completam...

Esses mundos que se cruzam no nosso caminho como imperfeitos, mas que ainda assim daríamos muito para partilhar...mas o nosso coração velhaco não perdoa como os Cristos dos templos.

Continuamos a exigir que os outros sejam perfeitos como os cristos das catedrais, esquecendo-nos que os outros são apenas Pessoas que nos marcaram o coração com cicatrizes fundas que abrem de cada vez em que acreditar volte a ser um erro...
A não ser que estejamos dispostos a perceber que o erro é humanidade. A não ser que o egoísmo nos afaste do prazer do erro da amizade. Nas lojas do Centro Histórico não encontrei a prenda desejada: o perdão.

Decididamente, existem simplesmente alguns carinhos difíceis de largar pelo caminho, pétalas de flores que nos recusamos a tirar do coração, mesmo quando começam a murchar...

Obstinada e teimosamente, deixamos que fiquem sobre a mesa, secas, escanzeladas até que desfaçam sozinhas com uma rajada de vento... E choramos todos os dias atormentados de as ver aos poucos morrer, sem as querer substituir... porque nos recusamos a compreender e perdoar, mesmo à mesa da Ceia de Natal. Eternamente.

Guimarães de Sá: Autodidacta mestre da leitura infantil


Foi (dia13/02) a sepultar um homem bom nascido em Braga que dedicou grande parte da vida às crianças e aos idosos, embora de forma diferente. Às primeiras incentivou a ler e aos segundos manifesto disponibilidade solidária.

Estamos a falar de um autodidacta, cujas habilitações literárias se resumiam à Instrução Primária), nascido em S. Vitor, em 1928.

Depois de oitenta anos a viver entre nós, Domingos Guimarães de Sá dirigiu desde 1965 a Secção Infantil e Juvenil da Biblioteca Pública de Braga onde criou em 1967 o pioneiríssimo Programa de Leitura Infantil e Juvenil.

O sucesso deste programa foi tal que, em 1971, foi incumbido pela Secretaria de Estado da Juventude e Desportos para estudar a possibilidade de extensão do mesmo programa a outras Bibliotecas públicas e municipais.

Este homem com apenas a instrução primaria viu o seu programa aprovado em 1972 e posto em prática nos anos de 1973, 1974 e 1979, nas Bibliotecas Públicas de Aveiro, Gaia e Famalicão.

Mas a sua acção em prol da leitura infantil prosseguiu com a resposta a um pedido da Embaixada de Portugal em Caracas, para elaborar um Catálogo de Literatura Infantil de Autores Portugueses.

Em 1972, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, criou a Biblioteca Infantil e Juvenil, no Patronato de Nossa Senhora da Torre, em Braga. A sua cruzada pela leitura a partir da infância estava imparável em vários organismos regionais, acompanhada de palestras e artigos em jornais e revistas, culminando em 1979 com a criação, na Biblioteca Pública de Braga, da Sala de Leitura para crianças e jovens.

Além dos seus catálogos de Literatura Infantil, com duas edições, Guimarães de Sá deixou-nos outros livros sobre a literatura infantil, a promoção do livro e incentivo à leitura, entre os quais destacamos a sua última obra “À Demanda do Leitor”, publicada há 14 anos.

Reformado destas funções públicas, Guimarães de Sá dedicou os seus dias e as suas energias a várias instituições de solidariedade social de Braga.

Com a sua morte, Braga perde um dos combatentes da leitura, cuja luta apaixonada ao longo da vida possui hoje uma actualidade desconcertante.

Desalinhado de sistemas e de grupos dominantes na política e na cultura, o nome deste bracarense merece ser perpetuado por aqueles a quem foi confiado o Governo da cidade que ele fez pioneira da leitura e do livro infantis por sua iniciativa e dedicação.

Guimarães de Sá:Autodidacta mestre da leitura infantil

COSTA GUIMARÃES

Foi (dia13/02) a sepultar um homem bom nascido em Braga que dedicou grande parte da vida às crianças e aos idosos, embora de forma diferente. Às primeiras incentivou a ler e aos segundos manifesto disponibilidade solidária.

Estamos a falar de um autodidacta, cujas habilitações literárias se resumiam à Instrução Primária), nascido em S. Vitor, em 1928.

Depois de oitenta anos a viver entre nós, Domingos Guimarães de Sá dirigiu desde 1965 a Secção Infantil e Juvenil da Biblioteca Pública de Braga onde criou em 1967 o pioneiríssimo Programa de Leitura Infantil e Juvenil.

O sucesso deste programa foi tal que, em 1971, foi incumbido pela Secretaria de Estado da Juventude e Desportos para estudar a possibilidade de extensão do mesmo programa a outras Bibliotecas públicas e municipais.

Este homem com apenas a instrução primaria viu o seu programa aprovado em 1972 e posto em prática nos anos de 1973, 1974 e 1979, nas Bibliotecas Públicas de Aveiro, Gaia e Famalicão.

Mas a sua acção em prol da leitura infantil prosseguiu com a resposta a um pedido da Embaixada de Portugal em Caracas, para elaborar um Catálogo de Literatura Infantil de Autores Portugueses.

Em 1972, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, criou a Biblioteca Infantil e Juvenil, no Patronato de Nossa Senhora da Torre, em Braga. A sua cruzada pela leitura a partir da infância estava imparável em vários organismos regionais, acompanhada de palestras e artigos em jornais e revistas, culminando em 1979 com a criação, na Biblioteca Pública de Braga, da Sala de Leitura para crianças e jovens.

Além dos seus catálogos de Literatura Infantil, com duas edições, Guimarães de Sá deixou-nos outros livros sobre a literatura infantil, a promoção do livro e incentivo à leitura, entre os quais destacamos a sua última obra “À Demanda do Leitor”, publicada há 14 anos.

Reformado destas funções públicas, Guimarães de Sá dedicou os seus dias e as suas energias a várias instituições de solidariedade social de Braga.

Com a sua morte, Braga perde um dos combatentes da leitura, cuja luta apaixonada ao longo da vida possui hoje uma actualidade desconcertante.

Desalinhado de sistemas e de grupos dominantes na política e na cultura, o nome deste bracarense merece ser perpetuado por aqueles a quem foi confiado o Governo da cidade que ele fez pioneira da leitura e do livro infantis por sua iniciativa e dedicação.

Eduardo Melo Peixoto: letras e sons da vida reflectidos nos "Ecos"




Certamente, o leitor já ouviu sua voz voltar de um penhasco ou contraforte, de um edifício alto ou de uma montanha íngreme, formando um eco?
Ouve-se o eco porque o som bate e volta como acontece a uma bola de borracha que batemos contra e volta de uma parede ao nosso encontro.

O eco também é semelhante a um raio de luz reflectido num espelho.
Um eco é um som reflectido.

Só ouvimos os ecos como sons isolados quando eles nos atingem um décimo de segundo ou mais depois do som original.
Esse é o tempo necessário para o ouvido humano separar um som do outro.
Se o leitor quiser ouvir o seu eco deve ficar pelo menos a 17 metros de distância da parede reflectora.
Se o leitor gritar diante de um penhasco a 17 metros, o som caminhará 17 metros até o penhasco e mais 17 de volta para si, numa distância total de 34 metros.

Porquê 34 metros?
Porque o som tem a velocidade de 340 metros por segundo, e tem de percorrer essa distância em um décimo de segundo. O eco chega ao seu ouvido um décimo de segundo depois do leitor ouvir a sua voz original.

Mas há ecos e ecos.
Um eco pode provocar séria interferência na audição, principalmente num ginásio grande ou num auditório. Os ecos cobrem as palavras de quem fala, causando confusão. Pode-se superar esse problema usando material amortecedor de som para as paredes, tectos e chão.

Mas não é desses ecos que estamos a falar ou estamos a escrever – perdão, quem escreveu foi Monsenhor Eduardo Melo Peixoto.

Para não criarem confusão foram colocados em letra impressa no jornal Correio do Minho, a cada Domingo que passava. Na Rádio Antena Minho, as manhãs de Domingo também acolheram estes ecos diferentes porque eram “ecos da vida”.
Porquê em livro, se já foram transcritos num jornal e ouvidos numa rádio, ainda por cima neste tempo das novas tecnologias? Podiam ser colocados num blogue, na Internet... dirão alguns.

Não há como um livro, como afirma o insuspeito fundador da Microsoft. Escreve ele que “os meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história”.

Explicado o que é um eco e justificada a necessidade de um livro sobre ecos, é tempo de definirmos que este livro inclui ECOS da Vida.

O que é a vida?

Desculpem meus senhores – leitores e autor dos ‘Ecos da Vida’ – mas eu entendo a vida como uma viagem de comboio. Estou a fazer uma escolha inconveniente mas ecológica, além de ser uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada.

Em anterior edição deste livro, o eng. Abílio da Cunha Vilaça dava-nos o mote para estas reflexões, quando escreveu que “Os Ecos da Vida traduzem vivências, reflexões, pensamentos, sempre numa atitude de alerta, e de despertar o sentido crítico de quem está nesta vida, não apenas para ver “passar os comboios”, mas que actua e faz actuar os que estão à sua volta” (1)
Interessante, porque nossa vida é como uma viagem de comboio, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques.



Quando nascemos — ao embarcarmos neste comboio, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão connosco o percurso até o fim: os nossos pais.

É verdade mental mas não real. Infelizmente, num qualquer apeadeiro, eles desembarcam, deixando-nos órfãos do seu carinho, dedicação, mimos, protecção e amor. Ficamos sem a rectaguarda protectora, mas isso não impede que a viagem prossiga. Assistimos ao embarque de pessoas interessantes que vão ser especiais para nós: irmãos, professores, patrões, companheiros, colegas, camaradas, amigos e amores.

Muitas pessoas entram neste comboio para passear. Outras viajam para esquecer as tristezas da vida. Há outras pessoas que vagueiam de carruagem em carruagem abertas a ajudar quem precisa.

Alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso obriga-nos a fazer essa viagem separados deles, quantas vezes durante anos, sem nos vermos, falarmos, amarmos. Com maior ou menor dificuldade, a vida faz com abandonemos o nosso vagão e consigamos chegar até eles. Afinal, eles eram o melhor pedaço de nós.

Às vezes é difícil aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa está a ocupar esse lugar. Essa viagem da vida é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, desilusões, traições, derrotas, triunfos, esperas, embarques e desembarques.

Uma coisa é certa: este comboio não volta ao início da viagem. Por isso, só nos resta uma alternativa: fazer esta viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajecto podem fraquejar. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes e queremos que algum passageiro nos entenda.

O grande mistério desta viagem de comboio é que não sabemos em que apeadeiro descemos do vagão da vida.
Acresce que, quando chegar o apeadeiro da saída, vai ser dramático deixar os filhos a viajar sozinhos, separar-me dos amigos que nele fiz, e arrancar-me do amor da minha vida.

Resta a esperança de chegar estação principal, onde sentiremos o agradável arrepio de prazer em ver os pais, irmãos, professores, patrões, companheiros, colegas, camaradas, amigos e amores, todos com a bagagem, que não tinham quando embarcaram.

Em que é que esta história contribui para a felicidade dos leitores. Em nada, porque o que nos deixa felizes é saber que de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tornado valiosa.

Ora, este é o objectivo de Monsenhor Eduardo Melo Peixoto quando decidiu publicar em livro as crónicas “Ecos da Vida” – que escreveu para o jornal Correio do Minho e leu na Rádio Antena Minho. Contribuir para que cada leitor cresça e tenha uma vida mais valiosa para os seus pais, irmãos, professores, patrões, companheiros, colegas, camaradas, amigos e amores.

Desta forma, Monsenhor Eduardo Melo Peixoto aponta-nos uma nova maneira de encarar o desembarque final na viagem da vida. A última estação não é a representação da morte, mas é sobretudo o clímax de uma história, de uma vida que duas ou mais pessoas construíram porque tiveram sempre a coragem de reconstruir para recomeçar.

“Ecos da Vida” acompanha-nos nesta viagem e cada crónica é um símbolo de garra e de luta, um vagão de sabedoria da vida, uma carruagem que frequentamos e nos ensina a tirar o melhor de "todos os passageiros".
“Ecos da vida” é uma dupla delícia porque traz a vantagem da gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado nesta viagem de comboio.

Monsenhor Eduardo Melo aproveita, de forma simples, directa, afirmativa e acessível a todos – como um bom jornalista! - pedaços da vida para extrair deles valores que podem ecoar como lições na vida de quem lê.
Os textos das crónicas são curtos, adequados a um excelente livro de cabeceira que funciona como exame de consciência de um dia que passamos na carruagem da vida ou programa de vida até ao apeadeiro do dia seguinte.

“Ecos da Vida cumpre os requisitos de um livro, traçados pelo nosso padre António Vieira - é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive – mas também é a prova de que os homens são capazes de fazer magia.
Como director do jornal Correio do Minho, ao tempo em que Monsenhor Eduardo Melo Peixoto escreveu estes textos, agradeço a honra de o termos tido connosco ao longo de largas dezenas de semanas.

Termino com uma provocação aos leitores: o verdadeiro cavalheiro compra sempre três exemplares de cada livro — um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente.

“Ecos da vida” é um bom companheiro de viagem.

(1) PEIXOTO, EDUARDO MELO, Ecos da Vida, Ed. Irmandade de São Bento da Porta Aberta, Terras de Bouro, 2005, p. 15

Ferreiros: 65 anos ao serviço da juventude

O Corpo Nacional de Escutas chegou a Ferreiros há 65 anos e prepara um acampamento para assinalar esta data no próximo mês de Julho – revelou a Chefe de Agrupamento.

Carla Sofia Sotto Mayor da Silva divide os tempos livres que lhe sobram do trabalho como escriturária que está a frequentar uma licenciatura em Fiscalidade, no IPCA de Barcelos, com os mais de 60 jovens divididos pelas quatro secções.

Em entrevista ao programa “Sinais – a Religião é notícia” que a rádio Antena Minho emite hoje, entre as 10 e as 11 horas, recorda o fundador do Agrupamento, António Fernandes Ferreira Gomes, que foi dirigente até aos seus últimos dias de vida, em 1993.

O Padre Francisco Marques, como assistente, foi outro dos baluartes deste Agrupamento a que pertence o actual Chefe Nacional, Carlos Alberto Pereira, eleito em finais de 2007.

“Temos muito orgulho que este nosso escuteiro tenha sido escolhido para tão altas responsabilidades no Escutismo português” – assegura Carla Sofia da Silva. “Ele percorreu todas as secções do Escutismo, desde lobito até dirigente do nosso Agrupamento”, adiantou a Chefe actual.

Em Ferreiros, a secção de Lobitos é a segunda mais forte, com 19 elementos, sendo o primeiro lugar da secção de Exploradores, com 24 membros.

Os pioneiros são sete enquanto os caminheiros são uma dezena. As secções são enquadradas por nove dirigentes e recebe o apoio de dois assistentes que são os párocos da Freguesia.

Os escuteiros de Ferreiros continuam abertos a receber mais adolescentes e jovens que pretendam experimentar e viver os ideais de Baden Powell.

Com instalações “suficientes” para as actividades, o Agrupamento pôde “filiar o Clã, uma vez que tem todas as secções a funcionar em pleno” – nota Carla Sofia da Silva, com satisfação. A sede da segunda secção acaba de ser recuperada estando agora a ser devidamente decorada.

Os lobitos e exploradores têm acções de formação e actividades nas tardes de sábado, enquanto os Pioneiros as realizam aos Domingos, como acontece com os Caminheiros embora estes alterem o programa quando precisam.

O Agrupamento costuma realizar acampamentos na Páscoa e no Verão e adere aos acampamentos nacionais e regionais nos anos em que se realizam.

O Agrupamento mantém este ano a tradição de enviar uma secção, a dos Pioneiros, para a vila de Crato, no Alentejo, durante a Semana Santa, para animar as celebrações naquela quadra. Esta tradição deve-se ao facto do chefe da secção, o Cassiano, ser originário daquela região, proporcionando assim aos jovens uma forma diferente de celebrar a Páscoa, enquanto os Exploradores vão acampar em S. Jacinto.

Os 65 anos – que se celebram agora – foram antecedidos de um ano – o do Centenário – que deixa gratas recordações aos escuteiros de Ferreiros que realizaram uma grande actividade que envolveu desportos radicais, rafting, equitação e a renovação da Promessa.

Do programa de actividades – que se adequa ao lema para cada ano - destaque vai para a celebração da promessa no mês de Dezembro para novos membros e para a progressão de alguns de uma secção para a outra.

No que se refere à celebração dos 65 anos de existência, a Chefe do Agrupamento espera conseguir a realização de um acampamento “marcante” para os seus membros.

Quanto a receitas para as despesas com actividades, para além da quota de cada um dos membros, o Agrupamento recebe um subsídio anual da Junta de Freguesia e organiza algumas iniciativas de recolha de fundos, como é o caso das Feirinhas dos bolos ou dos vasos de flores no Dia da Mãe que se revelaram bem sucedidas no ano passado.

O Agrupamento também não descura a formação de dirigentes, sempre que possível.

Ferreiros: nova igreja pode avançar



“Se quiséssemos fazer só a Igreja, já podíamos começar as obras, mas aguardamos a aprovação do projecto habitacional envolvente” – revela o padre Marcelino Paulo Ferreira.

O padre Marcelino Ferreira falava ao Correio do Minho durante uma conversa na qual participou o padre Miguel Simões, que forma a dupla de jovens sacerdotes a quem foi confiada desde 2001 a paróquia de Ferreiros.

Chegados em Setembro daquele ano, os dois jovens sacerdotes, cuja primeira experiência paroquial tinha sido em Barcelos (Padre Miguel) e na Aveleda (padre Marcelino) encontraram uma paróquia com vários movimentos de apostolado juvenil, catequese organizada e quatro grupos corais, mas sem confrarias desactivadas há muito e sem festa da padroeira da Freguesia.

Os mais velhos dizem que esta festa da Padroeira (Santa Maria ou Senhora do Ó) apenas se realizou uma vez, no tempo do falecido padre Francisco Marques, a quem a paróquia ergueu um busto à face da rua com o seu nome. A única Confraria – a de S. Brás e da Senhora da Misericórdia – está limitada a uma equipa que se responsabiliza por recolher os donativos que são integrados nas contas da paróquia e zela pela Capela.

Entretanto, em 2002, surgiu outra comissão que recuperou a Festa da Misericórdia, em Setembro. Esta festa vai-se tornando a Festa da Paróquia, fazendo com que a Procissão saia da Igreja Paroquial e termine na Capela da Senhora da Misericórdia, de “forma a criar união e comunhão entre todos, percorrendo outros lugares importantes como Gandra e Ventosa.

GANDRA
NOVA CENTRALIDADE

O lugar da Gandra é o centro geográfico da paróquia e vai ser ainda mais quando aí se construir a nova Igreja, em terrenos finalmente libertados junto ao viaduto da variante Circular Norte e nó de acesso à auto-estrada para Esposende, bem perto da abandonada capela de S. Nicolau.

A ideia de construir a nova Igreja ganhou corpo em 2003, com o lançamento de um concurso de projectos cujo vencedor (equipa do arquitecto António Fontes) foi conhecido no ano seguinte. No ano 2002, os padres Marcelino e Miguel lançaram um inquérito aos paroquianos para saber se ampliavam a actual Igreja ou construíam uma nova e a maioria pronunciou-se pela construção de um novo templo.

Decorre agora o processo burocrático porque a construção da nova Igreja está integrada num projecto de urbanização já aprovado e cujo programa de habitações está em fase de aprovação.

TEMPLO EM FORMA
DE ANFITEATRO

A urbanização envolvente vai financiar a construção da Igreja e complexo paroquial, mas já existe disponibilidade financeira para lançar a construção do templo.
A futura Igreja de Ferreiros terá capacidade para 400 lugares e tem uma configuração de anfiteatro, com altar ao centro e as pessoas em sua volta.

Além da Igreja propriamente dita, este empreendimento possuirá salas para todas as actividades pastorais (catequese, jovens e outros movimentos), capela mortuária, uma capela para celebrações mais pequenas, espaço de convívio e parque de estacionamento subterrâneo.

O templo será construído num terreno doado pelo Padre Francisco Marques. Ele próprio deu os primeiros passos para a concretização deste sonho maior dos ferreirenses, mas esteve parado na década de oitenta devido ao espaço canal necessário para a passagem da Variante Circular à cidade de Braga.

Entretanto, como o processo da Igreja estava parado, o padre Manuel Graça foi avançando com o Centro Social, uma vez que o CAD (Centro de Apoio a Dependentes) se tornava insuficiente para as necessidades.

Agora, cabe aos novos párocos angariar mais de 2,5 milhões de euros e ultrapassar as dificuldades criadas com a passagem da Circular, porque o terreno “perdeu capacidade construtiva e tivemos de reduzir o número de habitações”, pelo que se torna agora mais difícil reunir o dinheiro que é necessário.

Por isso, desde 2001, os paroquianos de Ferreiros vêm contribuindo, todos os segundos domingos de cada mês, com os donativos que são destinados ao novo Templo, reforçados com receitas oriundas de outras actividades como jantares, noites do fado, etc.

Entretanto, na actual Igreja, algumas obras de conservação não podiam esperar e os actuais párocos deitaram mão à obra para restaurar e manter, com melhorias nas paredes e telhado.

Na Capela da Misericórdia, foi feito um restauro exterior completo, foi criada uma sacristia que não tinha e um espaço para arrumos, enquanto os arranjos exteriores aguardam luz verde da Junta de Freguesia de Ferreiros.

Com a entrega de novas paróquias (Vilaça e Sequeira), os movimentos e equipas existentes foram enriquecidos com uma dimensão inter-paroquial e foi-lhes acrescentada – por força do Plano Pastoral diocesano – uma equipa de pastoral familiar.
“Este intercâmbio inter-paroquial favorece a acção entre as pessoas e tem sido muito útil, mantendo a autonomia e capacidade para o fazer em cada freguesia”, confessa o Padre Marcelino.

Em termos de movimentos pastorais, Ferreiros possui quatro grupos corais (embora dois sejam um só mas repartem-se em dois para animar as duas missas na Igreja Paroquial), um forte agrupamento do CNE, Grupo de Jovens Despertar e Pastoral Familiar.

FORTE COMPONENTE SOCIAL

Do padre Manuel Graça herdaram uma componente de acção social muito forte, com o CAD (Centro de Apoio a Dependentes) que foi a sementeira para o Centro Social da Paróquia de Ferreiros, na Quintela.

O CAD, com capacidade protocolada com a Segurança Social para treze pessoas, está a transformar-se em Lar de Idosos. Até agora, os idosos dependentes apenas podiam estar ali três meses – dado o seu regime temporário que deixou de ter o prometido apoio multidisciplinar nunca concretizado pelo Estado. O objectivo inicial era funcionar como uma Unidade de Cuidados Continuados, mas os serviços governamentais começaram a cortar os apoios ao médico, depois à enfermagem e a Paróquia foi obrigada a “transformar o CAD em Lar de Idosos” – refere o padre Miguel Simões.

De facto, aquela situação não era a melhor. Por um lado, o estado não comparticipava os serviços protocolados e depois o carácter temporário era difícil de cumprir porque “alguns idosos eram ali deixados pelas famílias que não os vinham buscar, criando situações de desigualdade para com os que estavam em lista de espera e nós não os podíamos pôr na rua ou abandoná-los”.

O CAD, além dos treze lugares para Lar, possui a valência de apoio domiciliário para 25 pessoas onde todo o serviço é prestado, excepto a companhia que só pode ser concretizado se, em breve, se realizar um “projecto de voluntariado de companhia e desempenho de pequenas tarefas domésticas, etc.”, admite o padre Miguel Simões. Para já, vai oferecendo também a valência de centro de dia para dez pessoas.

CENTRO SOCIAL
AMPLIA RESPOSTAS

No Centro Social da Paróquia de Ferreiros (que inclui o CAD), além do apoio à infância (creche, jardim de infância, ATL), possui também um lar de idosos com capacidade para 13 pessoas.

O terreno e o edifício são propriedade da Comissão da Fábrica da Igreja que “ainda hoje lá continua a investir” para dar melhores condições à centena e meia de crianças que frequentam o Centro Social e aos idosos.

Esta vertente social da paróquia começou numa sala de catequese mas depressa o espaço se revelou insuficiente e a paróquia vendeu a residência. Com essa verba comprou a casa junto à Igreja, onde morava o antigo caseiro da Quinta dos Apóstolos. Como na residência paroquial já havia serviços de apoio domiciliário, no imóvel junto à Igreja, criou-se o CAD e alojou-se o serviço de apoio domiciliário.

A acção social da paróquia de Ferreiros vai alargar-se porque, adianta o padre Miguel Simões, vai ser construído “um lar novo, no terreno ao lado, já reservado em 2002, para poder concentrar e ampliar a capacidade de resposta aos seniores. Faz falta”.
No que se refere ao acompanhamento das situações de pobreza, este apoio é ocasional e visa “responder a pedidos esporádicos de algumas famílias que não podem pagar a água, ou luz ou escola dos filhos”.

Por isso, espera o padre Miguel Simões que “o Banco de voluntariado do CAD, em lançamento, pode dar origem a uma equipa mais consistente para esses apoios bem como as visitas aos doentes.




CAPELA DE S. NICOLAU:
UMA TÉNUE ESPERANÇA

Uma situação dolorosa – sem que a paróquia tenha qualquer responsabilidade, como pode ver nas fotos – é a que se vive em torno do que resta da capela de S. Nicolau mas parece estar a ver-se alguma luz ao fundo do túnel.

Trata-se de uma situação de degradação recente, em que o recheio da Capela foi delapidado, tendo ficado apenas as paredes deste templo que servia de apoio aos proprietários de uma quinta outrora brasonada que ali existia e foi anulada pelo avanço das construções.

“O que havia ali de valor desapareceu tudo” – lamenta o padre Marcelino Ferreira, citando os paroquianos mais antigos que ainda se lembram de ir lá à Missa, há cerca de 70 anos, quando a Igreja paroquial estava em obras, após a implantação da República.

Há alguns anos, um pedido do Corpo Nacional de Escutas, através do Agrupamento de Ferreiros, à Irmandade de Santa Cruz, proprietária daquela ermida, mereceu resposta negativa. Entretanto, surgiu um pedido da Diocese para que se restaurasse o templo e desse algum uso, o que pode vir a acontecer no futuro se os Escuteiros ainda estiverem capazes de aceitar esta tarefa. Isso poderá ser despoletado quando a nova Igreja for construída do outro lado do viaduto.

DO LAUSPERENE AO CONVÍVIO PAROQUIAL

Para além das iniciativas normais, a paróquia de Ferreiros tem alguns dias especiais, como é o do Convívio da Paróquia, através de um passeio aglutinador de todos os paroquianos, ou o do Lausperene que se celebra hoje e amanhã.

Este ano, mantém-se a ideia embora o objectivo seja “menos passeio e mais convívio”, através de uma viagem a um local mais próximo que liberte tempo de viagem para que as pessoas se encontrem falem e para que possa envolver toda a comunidade, com os seus movimentos juvenis, a catequese e outras forças vivas.

Este ano, o convívio está marcado para o último Domingo de Junho, porque no mês seguinte já há muitos paroquianos em férias, assinalando também o encerramento da catequese.

Março é o mês da Póvoa de Lanhoso



Março é o mês da Póvoa de Lanhoso. Por mais que uma razão: ali passa o Rallye de Portugal, ali começa o espantoso ciclo de romarias do Minho — com as festas a S. José — e com a celebração da Páscoa festejada nos seus inúmeros Arcos festivos.

São razões insuficientes? Então, saboreie “esta ementa de ouro” dos fins-de-semana gastronómicos cujo príncipe é o cabrito a S. José, repouse nas suas unidades de hotelaria rural, descubra as oficinas artesanais de ouro onde a rainha é a filigrana e depois pode deliciar-se com a sombra do Carvalho de Calvos, rei do património natural que pede meças ao construído pelos antepassados e se vislumbra do alto do Castelo de Lanhoso, o maior penedo da Península Ibérica.

Se isto não chega para se deslocar à Povoa de Lanhoso, durante o mês de Março, que mais podemos fazer. Esperamos até que um dia se convença que, afinal, tínhamos razão.

Enquanto esperamos que isso aconteça, apresentamos--lhe aqui alguns dos momentos centrais da conversa que travamos com a vereadora do Turismo, Cultura e Acção Social da Póvoa de Lanhoso, Fátima Moreira.

Fátima Moreira nota que a festa de S. José se assume como a primeira romaria do Minho, por si só, atrai um público muito certo. Este ano as festas coincidem com um mês muito rico de actividades: rallye, festas e depois a Páscoa.
“É um mês com grande capacidade de atractividade para a Póvoa de Lanhoso” — assegura a autarca.

Aliado a isso, adianta, “temos a iniciativa da Associação de Turismo com os fins-de-semana gastronómicos subordinados ao lema “Esta ementa é de ouro” em que o destaque vai ser dado ao “Cabrito à S. José”.

ESPECTÁCULO
TERCEIRO MUNDISTA
ACABOU

Assim, Março oferece este ano um produto turístico já formatado que passa pela gastronomia e vinhos, tradições das festas de S. José, actividades desportivas com impacto nacional e internacional e pela essência da festa da Páscoa que atrai muita gente a Braga, no âmbito da Semana Santa.

“Esperamos que muitos espanhóis possam apreciar também as nossas riquezas antes de chegar a Braga para a Semana Santa” — deseja Fátima Moreira, destacando que “os arcos de festa começam a ser uma marca da Páscoa que, sendo iniciativas das Juntas de Freguesia e Associações, que a Câmara Municipal tem apoiado dada a sua atractividade”.

O programa das festas de S. José estrutura-se num contexto ao do ano anterior, abrindo com a Verbena e mantendo uma exposição, se bem que, em termos de novidades, “há uma alteração que pretendemos fazer com os feirantes, as pessoas que vêm com as suas tendas. Temos tido nos anos anterio-res algumas queixas do co-mércio local devido à desor-ganização e ocupação desor- denada dos espaços.

Acabam por montar as suas tendas de forma pouco organizada. Este ano, a Câmara Municipal vai alugar stands, vamos fechar a rua da Maria da Fonte e todo o Parque do Pontido onde eles vão ser montados e alugados pelos feirantes”.

Os stands por módulos podem trazer menos receitas – porque a Câmara vai pagar o aluguer de stands e os interessados vão pagar ao metro quadrado — mas “temos consciência de um organização melhor dos produtos e da feira em si e espero que isso se traduza num benefício para o comércio local que ficava prejudicado, sobretudo aquele comércio que está instalado na rua Maria da Fonte”.

Tendeiros aderiram
a esta melhoria
do cenário

A adesão dos tendeiros tem sido boa a esta alteração porque foram informados desta alte-ração e dos preços que tem de pagar. “Nós não queremos ga-nhar mas também não que- remos ter prejuízo. Basicamente, pagam o preço que nos custa a nós.

As tendas mais relacionadas com o artesanato e bugigangas são as que vão ter um novo visual porque as diversões e farturas etc., mantêm-se como estavam” — explica Fátima Moreira.

Quanto à verbena — pelas 22 horas no Theatro Clube — que abre o primeiro dia do programa das festas, sexta-feira, dia 14 de Março, relançada no ano passado pela primeira vez e “espe-ramos manter o glamour e alegria com que as pessoas se divertiram. No ano passado, valeu a pena porque as pessoas ficaram satisfeitas e recuperámos uma tradição que tinha sido perdida.

Há um grupo dos funcionários da Câmara Municipal que tem danças de salão e propuseram ao Centro de Criatividade que fossem trajados. Estão a preparar uma nuance mas a Verbena continua a ser um espaço aberto a todos e em que as pessoas se possam divertir, mediante inscrição prévia”.

O primeiro dia é assinalado pelo a inauguração do Monumento ao Ourives, na rotunda do Pinheiro, na estrada Braga Vieira do Minho: “será uma salva com umas contas de filigrana que recebem todas as pessoas que entram no con- celho, afirmando a Póvoa de Lanhoso como terra do Ouro”.

No mesmo dia, é inaugurada uma exposição que “mostra o espólio imenso da Casa Pitães, com fotografias das festas de S. José ao longo de várias décadas na óptica do fotógrafo Manuel Pitães. Vai ser uma exposição fantástica e é tempo de reco-nhecermos todo o trabalho que tem feito pelo concelho”.

MIL BTT’s e corrida
a galope

O segundo dia das festas abre com actividades desportivas com uma proposta nova da Associação de Protecção de Animais, com uma acção de adopção de animais. Os trilhos da Maria da Fonte querem ultrapassar os 900 BTT’s da edição do ano passado. A corrida a galope a prova de todo-o-terreno animam desportivamente este dia em que abre a Mostra de artesanato e produtos regionais.

“Pela avaliação que fizemos nos últimos anos, junto dos artesãos e produtores locais, foi-nos sugerido que a Feira teria outro impacto se fosse incluída nas festas concelhias, não só para os artesãos — porque é uma altura em que não há muitas feiras – e porque será um ponto de encontro em que as pessoas já vêm para participar noutras coisas” — justifica Fátima Mo-reira.
Trata-se de iniciativas que até agora eram financiadas pelo LEADER e os atrasos nos financiamentos obrigaram artesãos e autarcas a encontrar novas so-luções.

ANJOS FECHAM
NOITE DE SÁBADO

Neste segundo dia das festas destaca-se o Festival de Folclore em que participam todos os ranchos do concelho e a noite encerra com os Anjos, cabeça de cartaz das festas.

O domingo de manhã é preenchido com provas de pesca e caça, enquanto a tarde é dinamizada por uma iniciativa estreada no ano passado mas alargada: Encontro de concertinas, durante tarde e noite que fecha com a actuação de um grupo local — ‘Cantares da nossa aldeia’. As participações podem ser maiores que dois minutos.

Na segunda feira, é tempo de retemperar forças para o grande dia, pelo que o programa inclui apenas um espectáculo com os Vaticanos. O dia seguinte é animado pelo Canário e Natividade e sobe de tom com a Claudisabel.

Procurou-se um “programa para vários tipos diferentes, de modo a a agradar ao maior numero de povoenses”.
O dia e S. José — feriado municipal — é marcado pelas celebrações religiosas.

Depois da Missa solene há a actuação do Rancho Infantil (que faz anos neste dia), a procissão solene que procura envolver todas as freguesias, com os andores dos seus padroeiros. As freguesias vão fazer-se representar de “forma mais organizada com andores e as catequese das freguesias. Ano a ano vamos tentando reforçar este procissão”. O trajecto vai ser alongado este ano de modo a que o início não colida com o fim do cortejo.

POR UM FIO DE OURO:
TURISMO ENTRELAÇADO

Mais uma celebração de teatro assinala as festas com o “Ir e vir e ir” que envolve mais de cem pessoas e com uma expressão muito significativa da dança, numa produção do Centro de Criatividade.

Temos um projecto que é “por um fio de ouro”, que vai encerrar em Maio, numa acção que traduz o nosso entendimento do que deve ser a promoção da Povoa de Lanhoso através da filigrana: “só faz sentido promover os artesãos, faz sentido envolver as ourivesarias mas faz sentido envolver todos os gentes relacionados com o turismo. Eu digo muitas vezes que o turista que vem à Póvoa de Lanhoso tem de levar uma imagem positiva global. Se ele vem, fica bem instalado, dorme bem mas depois vai a um restaurante e é mal servido ou vai a uma ourivesaria e não tem filigrana para comprar, fica com uma imagem menos positiva”.

O produto turístico tem de ser assumido por todos, na globalidade. Por isso, afirmar a Póvoa de Lanhoso como terra do ouro mas se as pessoas não conseguem comprar filigrana, não resulta. “Temos de trabalhar em cooperação, para ter um produto que tem de ser global. Quero revitalizar as oficinas que devem tentar melhorar o seu trabalho em termos de design e mantendo a sua tradição mas também quero ter a possibilidade que as ourive-sarias da Póvoa de Lanhoso funcionem como montra deste ouro. Depois, o alojamento e a restauração deve funcionar para aqueles que nos visitam com produtos de quallidade” — explana a nossa interlocutora.

MODA LANHOSO
EM MAIO

O Fórum Por um fio de ouro surgiu com “este sentido da cooperação porque, de outra forma, não vamos a lado ne-nhum.
No dia 17 de Maio vamos ter o Moda Lanhoso, no anfiteatro ao ar livre do Parque do Pontido em construção e que vai ser inaugurado no dia 25 de Abril”.

Em termos culturais, o destaque vai também para uma peça para estrear neste anfiteatro que é “D. Quixote, o sonho ainda vive” que se espera seja uma marca no concelho.

O Castelo das Paixões vai-se manter com uma filosofia idêntica, com mudança de alguns actores.
“O Dom Quixote ainda vive, é um projecto que já está vendido para Guimarães, Vouzela e estará no Teatro da Trindade no final do ano, em Lisboa.

Nós temos uma parceria com Guimarães, através de um projecto novo, para o Verão: a residança. Vamos apostar este ano nas residências artísticas (através de protocolo com residência universitária) para trazermos para a Póvoa de Lanhoso actores e companhias das mais diversas áreas que possam vir para cá trabalhar numa articulação muito pró-xima com o Centro de Criatividade que possam fazer novos produtos teatrais, de dança, etc.

Em Março arranca já com uma pequena companhia do Porto, o Teatro do Frio, que vai estar cá para preparar um programa que depois vai surgir numa perspectiva de desencentralização nas freguesias do concelho.

“Em Junho e Julho vamos ter uma residência artística na área da dança: vai propôr-se a várias companhias nacionais que se possam inscrever e possam participar na semana da Dança, em Julho.

“Vamos ter quatro palcos na vila durante o dia e à noite. Durante o dia vai haver ensaios em que as pessoas podem participar e assistir e à noite há espectáculos com essas companhias” — enuncia Fátima Moreira.

A feira do comer e do saber não se realiza este ano porque nós temos como estratégia planear realizar e avaliar. A avaliação não foi favorável em termos de público e em espaço — muito agradável— mas as pessoas não entenderam muito bem.
Mantém-se o projecto de sinalização turística que está concluído nas freguesias e falta apenas agora na vila. Vamos rea- daptar as placas e completá-las com maior informação. Falta depois a sinalização da restauração. O orçamento está pronto e em breve será concretizado.