Thursday, June 28, 2007

S. João da Ponte: coração da romaria de Braga




Era a quinta dos Arcebipos onde estes repousavam na estação de Verão até que foi confiscada pelo estado, nos alvores da República. Estamos a falar do parque da Ponte onde existe uma fonte de água puríssima mandada construir por D. Frei Agostinho de Jesus, nos fins do século XVI. Esta fonte conserva ainda o brasão daquele prelado.
Os documentos históricos asseguram que esta quinta era propriedade dos Senhores de braga já ao tempo de Frei Bartolomeu dos Mártires.

De facto este Arcebispo, a caminho dos altares, mandou construir ali um hospital para tratar dos “infeccionados pela peste de 1570, como consta da inscrição gravada no pedestal do cruzeiro ali existente e levantado no sítio que servira de cemitério das vítimas”.

Depois deste respigo pelos “Fastos Episcopaes da Igreja primacial de Braga”, escritos por José Augusto Ferreira (Braga, 1935, pag. 419), paremos junto da Capela de S. João da Ponte, construída em 1916, a partir de uma outra ermida mais pequenina, poucos anos depois de ter sido terraplanado o grande largo que a circunda.



A Capela foi idealizada por um mestre coimbrão, António Gonçalves e a sua construção foi custeada por Júlio Lima, ao passo que Ernesto Korrodi (autor do palácio Dona Chica, em Palmeira), foi quem fez a distribuição dos espaços que hoje são conhecidos pelo parque da Ponte e largo envolvente da Capela de S. João.

No ano de 1911, o Governo cedia à Câmara Municipal a quinta dos arcebispos para ali construir um mercado fechado e um horto mas as notícias de 1922 falam-nos dos esforços do bracarense Júlio Lima que construíra, nas imediações um campo de futebol e um hipódromo “que deve ficar o melhor do país”.

Um éden terreal
adentro da cidade

Azevedo Coutinho, no seu “Guia do Forasteiro de Braga” (1922) descreve o S. João da Ponte como um dos “mais belos e pitorescos da cidade de Braga, tendo sido muito transformado, pois além do ajardinamento de que dispõe e fontanários, tem no lado poente, um pequeno lago, com uma gruta também de minúsculo tamanho, um coreto na alameda, na rectaguarda da capela e mais ao fundo um outro lado maior”.

Escrevia Azevedo Coutinho que aquela zona “é, aos domingos, durante o Verão, muito frequentada, não só pelo povo desta cidade, mas também pelos inúmeros visitantes que vêm a esta terra e mais o será quando as obras estiverem todas completas o que será caso para dizer que deve ser um Éden terreal, adentro da cidade”.



DA CAPELINHA Á CAPELA
NUMA VIAGEM POR CAMILO

A Capela de S. João é acanhada e simples arquitectura, em cujo alpendre se pode ler 1616, data de uma reconstrução da anterior ermida fundada no mesmo local por iniciativa de D. Diogo de Sousa (1505-1532), sede de uma confraria responsável pela festa do baptismo de S. João, cuja fama vinha dos tempos do rei D. João I que impôs esta festa a todos os concelhos.

Camilo Castelo Branco, que vinha muitas vezes a Braga, citando um documento do séc. XVII, fala-nos dos cavalheiros bracarenses que lançavam porcos na coutada dos arcebispos, sendo um deles de cor preta, criado durante o ano à custa de um ou dois mordomos nomeados para esse ano.

Quando rompia a madrugada, os cavalheiros subiam ao alto do Picoto onde recebiam as orvalhadas e soltavam o porco para o perseguirem atè à margem esquerda do rio este, onde encontrava sobre a velha ponte um grupo de moleiros — da zona dos Galos – que impediam a sua passagem para a cidade. Se o porco conseguisse passar, venciam os moleiros que depois o matavam, desamanchavam e distribuíam entre eles. Se não conseguisse passar a ponte, era comido pelos cavalheiros.



O PINHEIRO DA GREGÓRIA:
ORIGEM DE UM NOME

A cerca de dois quilómetros da velha ponte do rio Este — na estrada em macadame para Guimarães — existiam dois pinheiros mansos, de proporções gigantescas. O da esquerda foi derrubado antes de 1895. Neste ano, a senhora D, Maria Couto. Residente na rua do Carvalhal, “sem o mínimo respeito por essa vida tão longa, vendeu-o por 31.500 reis. Os seus braços enormes deram dezanove carros de lenha que foram vendidos por 18 mil reis. A maior parte da madeira foi comprada por um snehor António Fernandes Lopes para a casa que construiu na Rua dos Capelistas.

É o desaparecimento do Pinheiro da gregória — que dá origem ao nome do lugar — foi muito chorado naquela altura e levou alguns bracarenses a plantarem um outro pequenino.



UM CRUZEIRO
E O DIABO MANQUINHO

Um dos sítios mais interessantes do parque da Ponte é o cruzeiro do Senhor da Saúde. Começou por estar junto à Sé, depois passou para a Capela de S. Miguel-o-Anjo e dali para o Largo das Carvalheiras. A invocação deriva da sua integração numa casa de saúde, construída por D. Frei Bartolomeu dos Mártires, aquando da peste de 1570.

O cruzeiro tem uma inscrição onde se lê: Sendo o Arcebispo de Braga D. Frei Bartolomeu dos Mártires, houve peste nesta cidade, no ano de 1570, e os ‘impedidos’ foram trazidos a esta devesa”.

Uma das estátuas que desperta a curiosidade dos que passeiam pelo parque da Ponte é o Diabo manquinho, (idealizada por André Saores?) situada à direita da Capela de S. João.

Esta estatueta estava originariamente numa alameda do Bom jesus, por trás do antigo Hotel do Parque. Por ali se encontram ainda capitéis peretencentes á antiga Igreja e Convento dos Remédios (demolido em 1911) e do pórtico jónico da Igreja do Salvador.

Estes elementos escultóricos mereciam melhor sorte se… e é melhor não dizer mais nada!

1 comment:

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