Thursday, June 28, 2007

No Lar D. Pedro V gira em torno do sol




“Tudo gira em torno do sol” bem pode ser o lema do serviço que diariamente é prestado pela Associação Lar D. Pedro V. No entanto, é o tema da exposição de trabalhos que se pode apreciar nos claustros da instituição.
Trata-se do resultado do trabalho efectuado pelas crianças e equipa pedagógica desta instituição particular de solidariedade social, cuja marca é o apoio à infância e à juventude feminina.
O Lar D. Pedro V recebe crianças de todo o concelho de Braga nas valências de Jardim de Infância e ATL e um pouco de todo o país no Internato. Além disso, constitui uma bela escola de aprendizagem que é proporcionada, através de protocolo, a estudantes da Universidade do Minho.
Com amplas instalações, a Associação do Lar D. Pedro V não poupa em equipamentos e serviços pedagógicos de apoio ás crianças, desde os espaços de lazer e desporto até às novas tecnologias, passando pela música, ginástica e inglês multimédia, entre outras ofertas.
Criado no longínquo ano de 1733 no Largo das Carvalheiras, o Lar D. Pedro V instalou-se num antigo convento de religiosas, por oferta do rei D Luís, para funcionar como “asilo da infância desvalida”.
Inicialmente o “asilo” absorveu também o do Menino Deus da Tamanca, mas em 1982 assumiu novos estatutos, transformando-se em Associação com missão de IPSS. Em termos estatutários, revela Manuel Morais da Costa, Secretário da Direcção que é presidida pelo Cónego Manuel Azevedo Tinoco, “estamos a pensar e mudar os estatutos para o regime de Fundação”, como forma de ultrapassar a crise por que passa o associativismo e o voluntariado de dirigentes.
Por outro lado, a Associação luta com carência de membros – são pouco mais de meia centena – e as suas principais fontes de receita derivam dos protocolos com a Segurança Social e as comparticipações das famílias e “vão dando para o dia-a-dia”.
O Lar D. Pedro V possui três valências, uma de internato para adolescentes e jovens, com trinta quartos de duas camas cada um, outra de Jardim de Infância, com cem crianças e uma terceira de ATL, com 80 miúdos.

BERÇÁRIO SUBSTITUI ATL?

O principal desafio que se coloca neste momento à instituição é o do ATL, em resultado das alterações do prolongamento de horário no ensino básico do primeiro ciclo. Esta dificuldade é transversal a todas as instituições com este apoio às famílias, uma vez que a procura está a diminuir significativamente.
Esta situação obriga a Direcção a estudar alternativas que podem passar pela “criação de um berçário/creche para responder à diminuição da procura da valência do ATL. Temos um plano em fase de arquitectura e o estudo financeiro está em curso” – adianta Manuel Morais da Costa que espera apanhar a próxima fase de candidatura do PARES.


No que se refere ao internato, as utentes são para ali enviadas pelas Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, após decisões dos tribunais ou indicação dos serviços da Segurança Social. No Lar D. Pedro V são acolhidas crianças e jovens com idades entre os seis e os 18 anos que frequentam as escolas públicas da cidade de Braga.
Com uma colónia de férias em Fão, um investimento da ordem dos cem mil contos, que serve de apoio nos períodos não lectivos das jovens, o internato está confiado às Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, através do serviço de quatro religiosas, apoiadas por cinco auxiliares.
Para o ATL, o Lar D. Pedro V disponibiliza duas educadoras sociais com apoio de duas auxiliares.
Apesar das dificuldades, a direcção do Lar D. Pedro V está a fazer um esforço gigantesco para restaurar o painel de azulejos da Igreja, depois de ter colocado um novo soalho. Trata-se do templo do extinto Convento de Clausura, fundado em 1720 por Dom Rodrigo de Moura Telles, depois de ter transformado o recolhimento das Beatas da Penha de França que o benemérito Pedro de Aguiar e sua mulher fundaram em 31 de Maio de 1652, destinado a 7 recolhidas, piedosas senhoras, às quais deu o nome de Beatas, que usariam o hábito de Santo António, doando-lhe rendas de pão e dinheiro para a sua mantença, e nomeando sua primeira regente Anna de Santa Maria, natural de Guimarães, “ recomendada pela sua gravidade, virtudes e bons costumes”.
Pedro de Aguiar e sua mulher Maria Vieira podem bem ser considerados beneméritos bracarenses, pelas suas acções em vários aspectos – no religioso e na sua acção civil. Foram os instituidores, entre outros actos beneméritos, do Hospital da Convalescença, mais tarde anexado ao de São Marcos, reformaram o coro da igreja de Nossa Senhora a Branca, etc.
Dom Rodrigo que ampliou o recolhimento, e posteriormente transformou-o em mosteiro professo, estabelecendo a Regra do Seráfico Patriarca São Francisco, dedicando o pequeno templo á Virgem Santíssima, sob a invocação de Nossa Senhora da Penha de França. Para isso contribuiu o donativo de cinco mil cruzados em dinheiro que o casal fundador tinha depositado no cofre da Misericórdia. No ano de 1720 fez construir a Capela, para serviço do recolhimento, ano em que benzeu e lançou a primeira pedra. Talvez, já pensando na transformação de regra, mandou abrir a porta de entrada barroca do lado da Alameda (porta lateral como era norma em todos as igrejas que serviam os Conventos de Clausura, para evitar contactos entre os que obedeciam a esta regra com os crentes, como por exemplo vemos no Convento da Conceição, nos Pelames ), além das suas armas de fé – sete castelos - , um nicho que alberga a imagem de Nossa Senhora da Penha de França, celebrando nela a sua primeira missa em 18 de Dezembro de 1721. Despendeu, então, com toda a obra a quantia de 22 contos de reis.
No seu interior, rico em todo o seu aspecto, destacam-se o retábulo da capela mor, em talha trabalhada toda recoberta a ouro, tendo ao centro no fecho, e ao alto numa cartela as armas de fé de Dom Rodrigo. De bom trabalho também são também os dois altares que entroncam no arco cruzeiro.
Mas a peça mais rica de todo este conjunto do interior da Capela da Penha é o púlpito, traça atribuída ao entalhador bracarense Marceliano de Araújo, e que possui elementos muito usados por este artista – anjos suportam o peso do púlpito – praticada noutros trabalhos.
Destacam-se ainda no interior, os azulejos do século XVIII, azuis e brancos, assinados por Policarpo de Oliveira Fernandes, representando cenas hagiográficas, sendo que a cena assinada pelo autor se encontra na capela mor ao lado esquerdo representando a Virgem com o Deus Menino ao colo.

1 comment:

Anonymous said...

Ola, eu sou uma das alunas da escola de D. Pedro V!!! E queria dizer que este site está espéctacular!! Muito completo, adorei!!


***---Parabéns---***