Thursday, February 15, 2007

Crianças em risco – tantas - nao sao riscadas em S. Adriao

Desde 1994 que as crianças em risco não são riscadas do programa de acção do Centro Cultural e Social de S. Adrião. Primeiro foi o PAC – Programa de Apoio à Criança – e depois surgiu o CACF – Centro de Apoio à Criança e à Família que se dividiu em duas vertentes, a do acolhimento temporário (no máximo um ano) de crianças que são enviadas pelos Tribunais de Menores e Família, e a das Actividades de Tempos Livres para crianças que vivem em bairros degradados ou famílias desestruturadas (CATL).

O CATL possui dois centros de animação, um em Santa Tecla e outro no Bairro Nogueira da Silva (na sede do Patrimonense). Esta valência é coordenada pela incansável e sempre disponível Cristina Faria, a quem estas crianças retiraram o direito a horários de trabalho certinhos.
O CAT – que recebe crianças retiradas aos pais em resultado de decisões judiciais – tem capacidade para 12 crianças e adolescentes.

O CATL acolhe e dinamiza os tempos livres de 45 crianças. Muitas das actividades são feitas em conjunto, embora as do CAT tenham um tratamento e ocupação dos tempos de vida de forma específica, dado o regime de internato.
Os meninos do CAT têm ali a possibilidade de receber afectos dos utentes das 17 valências que dão vida ao Centro Cultural e Social S. Adrião e constituem a menina dos olhos de João Sousa, presidente e fundador desta instituição.

A estes meninos e jovens, o Centro de S. Adrião disponibiliza uma psicóloga como directora técnica, uma educadora social, cinco ajudantes de acção educativa e os restantes serviços da instituição.
Desde 1999 já passaram pelo CAT 72 crianças e “conseguimos 49% de regressos a casa, afinal o objectivo do CAT”, sublinha Cristina Faria.

A maioria não regressam, mas “damos-lhes apoios aos estudos nos CATL’s, individualizado, procuramos estar muito próximos, saber das dificuldades e procuramos dialogar com as escolas”- acrescenta Cristina Faria, satisfeita porque "raramente os nosso meninos dão problemas na escola e assimilam muito bem o novo ambiente em que foram obrigados a viver”.

Depois das aulas, estes meninos desenvolvem actividades lúdicas, recreativas, conversa e têm sempre os tempos ocupados com lazer.
Como partilham uma experiência de internato, são educados para determinadas tarefas: “fazer a cama, levantar o parto e talheres da mesa, ajudar a pôr a mesa, manter o armário arrumado, educando-os assim para “alguma responsabilidade” que passa pelo cumprimento de horários, explica Cristina Faria.

O espaço do CAT possui boas condições e dispõe de TV, vídeo, leitor de Cd’s, uma playstation mas o seu uso tem de respeitar a “opinião da maioria”.
Os jovens do CAT – com idades entre os cinco e os 18 anos – estão ali durante um ano, no máximo, mas o Tribunal pode prolongar o período de acolhimento.


Bairros Nogueira da Silva
e Santa Tecla mais dignos

Quanto ao CATL, esta valência funciona entre as 9,30 e as 18,30 horas, com apoio de uma educadora social em cada centro de Animação (Santa Tecla e Bairro Nogueira da Silva), bem como um ajudante de ocupação e auxiliares.
Este trabalho de animação dos tempos livres das crianças “é feito em colaboração com as famílias, uma vez que aos sábados se realizam sessões com os pais sobre temas variados, como o emprego, a saúde, drogas, etc.

O objectivo deste programa, refere Cristina Faria, “é incutir nestas crianças projectos de vida saudáveis, através do apoio ao estudo e sensibilização para uma vida saudável” com apoio de enfermagem e psicologia.
Além disso, desenvolvem-se actividades recreativas e lúdicas direccionadas para estes temas da higiene básica, alimentação, etc., através de futsal, capoeira, ténis, mediateca, sempre gratuitas.

Estas actividades são tão atractivas que alguns dos adolescentes acabam por ficar por lá. É o caso do Márcio. “Foi nosso menino no CATL, até aos 18 anos, e é um voluntário que nos ajuda a trabalhar com os outros meninos e adolescentes” – lembra Cristina Faria.

Cristina Faria não esconde um brilho nos olhos quando fala dos “meninos do PAC” que agora “nos vêm visitar com os seus bebés pedir ajuda e ensinamentos”. A Cristina Faria é madrinha de casamento e de um filho de um dos “meninos” do CATL, o que comprova bem o apreço que estas crianças têm pelo trabalho que é desenvolvido por estas técnicas do Centro Cultural e Social S. Adrião cujo objectivo central é tudo fazer para que cumpram o sexto ano de escolaridade – “é uma grande vitória quando isso acontece” e cursos para lhes proporcionar o interesse por mais estudos e continuar na escola.

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